20 jul, 2023 - 08:18 • Olímpia Mairos , com Redação
Só um em cada quatro doentes em lista de espera consegue um rim para transplante. Em Portugal, há cerca de 1.900 pessoas a aguardar por um destes órgãos.
Os números foram avançados à Renascença pela presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, que revela que o pâncreas é o órgão menos transplantado.
“Quanto ao rim, o ano passado tivemos 495 transplantes que foram transplantados, no ano anterior, em 2021, foram 451, e em 2020, foi o ano da pandemia e houve uma redução da atividade, foram 377, mas nós já transplantamos mais de 500 rins por ano, portanto, ainda não chegamos a esses valores”, assinala Cristina Jorge.
A presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) refere que mesmo “os 500 e tal rins por ano, que já se foram transplantados, não são suficientes para todos os doentes que estão à espera de um rim”.
“Nós temos neste momento cerca de 1.900 doentes à espera de um rim. O ano passado seriam talvez 2. 000. A nossa lista de espera ainda continua bastante significativa”, sinaliza, acrescentando que de “quarto doentes que estão em lista de espera, só um é que é consegue ser transplantado”.
Já quanto ao órgão menos transplantado Cristina Jorge revela que “tem sido o pâncreas”, indicando que ano passado foram feitos 25 transplantes de pâncreas. Um transplante essencial para doentes que têm diabetes em que “muitas vezes faz-se o transplante em simultâneo de rim e pâncreas no mesmo dia”.
Mesmo assim, Portugal registou um aumento de mais de 36% no número de órgãos transplantados no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Números conhecidos neste que é o Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação.
Nestas declarações à Renascença, a presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), diz que só pode ser dador “quem for saudável” e que é necessário “assegurar que a pessoa não tem nenhuma doença que impeça essa doação”, evidenciando a importância de “minimizar os riscos desta doação para a própria pessoa”.
“Em Portugal, nós somos todos dadores presumíveis de órgãos, a não ser que em vida cada um de nós se registe no registo nacional dos não dadores. Mesmo assim, não é toda a gente que falece que pode ser dadora. A pessoa tem que ter uma saúde relativa”, sublinha.
Nos últimos anos a lista de critérios foi mesmo alargada para que haja mais doações.
“Atualmente aceitam-se como dadores pessoas que há uns anos não eram considerados dadores. Nós temos vindo a expandir os critérios em que aceitamos os órgãos, já está a ser feito em várias partes do mundo, a aceitar dadores em paragem cardiocirculatória controlada”, destaca.
A inteligência artificial, impressão 3D e outros procedimentos estão em face de experimentação, mas ainda não se encontram em prática clínica.
Para a presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação todas as campanhas de sensibilização que se possam fazer para alertar para a importância da doação de órgãos e para a importância da transplantação dirigidas à população em geral, são benéficas.
“Há muito desconhecimento desta atividade, do impacto que esta atividade tem na sociedade, porque realmente a transplantação dá qualidade de vida às pessoas que recebem um órgão e, nalguns casos, salva-vidas porque no caso de órgãos vitais, sem este órgão a pessoa não tem possibilidade de viver, como é o caso do coração, fígado, pulmão que não têm neste momento alternativas viáveis à substituição destes órgãos”, realça.
Este ano, a Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT) e o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) dedicam a data ao papel da globalização e da digitalização na doação e transplantação de órgãos, numa iniciativa que vai decorrer no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e onde vai ser debatido igualmente o tráfico de órgãos, a doação em vida e a dádiva cruzada.