27 jul, 2023 - 18:18 • Anabela Góis
O serviço de neonatologia do Hospital Santa Maria, em Lisboa, foi encerrado e isolado devido a um surto provocado por uma bactéria multirresistente.
A notícia foi avançada esta quinta-feira à tarde pelo Expresso e confirmada à Renascença pelo Hospital de Santa Maria.
Doze dos 14 bebés ali internados são portadores da bactéria klebsiella pneumoniae, mas estão estáveis, disse à Renascença Álvaro Pereira, diretor de infecciologia do Hospital de Santa Maria.
“Neste momento no serviço de neonatologia estão 12 bebés colonizados” com a bactéria multirresistente e duas estão negativas, refere o especialista.
As 12 crianças portadoras da bactéria são “bebés muito prematuros com situações complicadas” e estão isoladas. Clinicamente “estão estáveis e nenhuma delas apresenta relação atribuível a esta colonização”.
Álvaro Pereira adianta que o surto começou com uma "conjuntivite normal, depois testaram-se os outros bebés e testaram positivo".
O diretor de infecciologia do Hospital de Santa Maria esclarece que os 12 bebés não estão a tomar antibiótico para a bactéria klebsiella pneumoniae "porque não estão infetados, só estão colonizados".
"Estas crianças vão ficar positivas durante muito tempo. O serviço de neonatologia vai continuar, em princípio, a tratar destas crianças numa sala à parte, enquanto elas precisarem dos cuidados. Quando não precisarem dos cuidados terão alta, estejam ou não colonizadas por esta bactéria", sublinha Álvaro Pereira.
A admissão de bebés no serviço de neonatologia foi suspensa, pelo que as grávidas de risco, cujos bebés precisem de incubadora, serão transferidas para outros hospitais, nomeadamente, a Maternidade Alfredo da Costa ou o Hospital Amadora-Sintra.
O serviço de neonatologia de Santa Maria deveria fechar portas na terça-feira para obras. Agora vai ter de manter-se aberto até que os bebés tenham alta.
Em causa está uma bactéria que está presente no nosso organismo, mas que pode causar infeções várias, sobretudo, nas pessoas mais frágeis, explica à Renascença José Artur Paiva, diretor do Programa para a Prevenção e Controlo de Infeções.
Segundo José Artur Paiva, tem sido possível melhorar a prevenção das bactérias multirresistentes, mas esta bactéria é cada vez mais resistente, até aos antibióticos mais potentes.
Segundo o Centro para o Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, a bactéria, geralmente, vive nos intestinos sem causar qualquer problema, mas a sua entrada no sistema respiratório torna-a perigosa e difícil de eliminar, devido à alta resistência a antibióticos, causando pneumonia.
A infeção não é espalhada pelo ar, sendo necessário o contacto direto para a transmissão da doença.
[notícia atualizada às 19h49]