31 jul, 2023 - 12:26 • João Cunha
"É a loja com mais pessoas à porta, em fila... Mas estes são muito bons..." Assim é descrito o local de onde vieram os pastéis de Belém que todos acabaram de comer.
Foi uma espécie de sobremesa que Ana Margarida Soares decidiu servir esta segunda-feira, depois do pequeno-almoço, a cinco peregrinos vindos do Peru, que acolheu pela primeira noite em sua casa.
Ao todo, ao longo da Jornada Mundial da Juventude que amanhã arranca em Lisboa, a família de Ana vai acolher não cinco mas oito peregrinos. Porquê oito?
"Porque não pude receber nove", brinca Ana, sublinhando que o voluntariado sempre esteve no seu ADN. "Sempre tive necessidade de fazer algo, de deixar uma marca. Nas pessoas e nos sítios. Isto começou inicialmente com três, de três vêm mais dois, mais três. E pronto, de repente estamos com oito em casa".
Oito mais os quatro elementos da família: Ana, o marido, Luís, e os filhos - João, voluntário na JMJ, e Maria - que, é certo, vai passar os próximos dias em casa de um tio, em Cascais.
Na cozinha onde se serviu a primeira refeição do dia, Joel, um dos peregrinos, só não lambe os dedos depois de comer o pastel de nata por educação. Diz-se abençoado por ter sido recebido por esta família.
"Estou como em casa. Muito agradecido, sem dúvida, por esta família ter dito sim. Somos da Igreja Católica, somos da mesma comunidade, somos uma familia. A Igreja Católica é uma família."
Ana partilha da mesma opinião. E assim sendo, abriu uma embalagem de Deus-é-Bom. Atenção que o nome engana: é suposto evocar o nome de um conhecido paracetamol de venda livre. Mas na verdade, trata-se de uma embalagem com 31 saquetas de pequenas orações para ler em família. Com posologia e tudo.
Ana leu a primeira oração durante o pequeno-almoço, no arranque de uma semana que será diferente do habitual na casa da família Soares.
"Aqui é o escritório. A minha secretária passou para o meu quarto. Agora deito-me a olhar para o trabalho e acordo a olhar para o trabalho. Mas foi a única mudança que fizemos", explica Ana, prosseguindo com a descrição das mudanças.
"Já tinha uma cama no escritório e tinha dois colchões. Um deles passou para o chão. E tinha colchões insufláveis que coloquei na sala, onde os sofás se transformam em cama."
É numa delas que dorme Luís Castillo, padre na arquidiocese de Lima, no Peru. Antes da chegada a Lisboa, emocionou-se em Fátima.
"Percebe-se que há algo muito especial, sobretudo na zona onde viveram os pastorinhos. Sente-se paz e a presença da Virgem, a mensagem que transmitiu a eles e ao mundo."
Quanto à Jornada, espera que traga esperança aos jovens e o rejuvenescimento da esperança entre os mais novos.
"Que seja um florescimento para a Igreja, que nos fala de jovens e do desejo que a esperança esteja sempre presente. Num mundo com tão pouca esperança, e onde a que existe é por coisas simplesmente terrenas, a JMJ lembra-nos que a esperança está posta em Nosso Senhor e que Maria nos leva a este filho."