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Tomar demoliu última de 60 barracas e reinstalou 250 pessoas

01 ago, 2023 - 17:14 • Lusa

Processo teve início em 2013, quando 230 pessoas viviam em barracas na margem do rio Nabão.

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A Câmara Municipal de Tomar concluiu nesta terça-feira um projeto social "histórico", iniciado em 2013, com a demolição da última das 60 barracas existentes na zona ribeirinha do Flecheiro e instalação de 250 pessoas em habitações condignas.

"Nos últimos 50 anos esta zona marcou pela forma mais negativa a cidade de Tomar, quer no aspeto social, quer no aspeto urbanístico, e este é um momento histórico e um daqueles dias em sentimos que a nossa ação enquanto autarcas realmente muda a vida das pessoas e das populações", disse à Lusa o vice-presidente do município, Hugo Cristóvão (PS), após a demolição da última barraca na zona do Flecheiro por uma "bulldozer" que, simbolicamente, conduziu e manobrou.

O plano de reintegração habitacional da comunidade cigana, instalada há décadas num acampamento na zona ribeirinha do Flecheiro, junto ao rio Nabão, numa das principais entradas da cidade de Tomar (Santarém), foi delineado para ser concluído em oito anos (dois mandatos autárquicos).

Hoje, o processo de demolição total das barracas e instalação de cerca de 250 pessoas em casas e bairros sociais foi concluído, uma década depois, representando o "fechar de um gueto".

População satisfeita com solução da autarquia

Maria Manuela Pascoal, a última residente do Flecheiro, esteve durante a manhã a ver os trabalhos iniciais de demolição e a despedir-se da sua "casinha", onde viveu 50 anos e criou quatro filhos.

"Sinto-me bem, tudo tem um tempo. Vivi aqui mais de 50 anos, não é brincadeira", afirmou à Lusa, sublinhando que agora vai ter uma "casinha melhor, dada pela Câmara".

"Prometeram e fizeram. Estou bem, não posso dizer mais nada", acrescentou.

Segundo o município, o processo, que "não acaba aqui", é acompanhado de um dos mais relevantes projetos de inclusão social das últimas décadas.

"Diria mesmo o mais relevante das últimas cinco décadas, uma vez que o Flecheiro, enquanto acampamento, foi criado no pós-25 de Abril (de 1974) para libertar espaços de construção noutros locais da cidade e, de lá para cá, nada mais aconteceu a não ser o juntar de outras famílias vindas de outros locais do concelho e fora dele, nomeadamente da Área Metropolitana de Lisboa", disse o vice-presidente da Câmara Municipal, recordando que à medida que os habitantes do Flecheiro eram realojados, as barracas iam sendo demolidas.

230 pessoas em barracas em 2013

Hugo Cristóvão sublinhou ainda que esta "era uma situação que urgia resolver, não só pela situação humana - cerca de 230 pessoas em 2013 a viver em barracas sem qualquer condição de vida - e também pela necessidade de regeneração urbana daquela zona" da cidade, a "primeira zona industrial, entretanto praticamente devoluta e em ruínas", onde as barracas foram aumentando.

"Eram cerca de 230 pessoas ali instaladas quando, em fins de 2013, após chegarmos à governação municipal, realizámos aquilo a que costumo chamar os censos do Flecheiro, que hoje, entre nascimentos e casamentos, representam cerca de 250 pessoas, todas já reinstaladas", relatou.

O registo oficial de barracas em 2013 - com "número de polícia" - contabilizava então 55, mas "na verdade eram mais, talvez umas 70", acrescentou o autarca, relatando que no caso de alguns agregados as barracas "desdobravam-se noutras".

Ainda segundo Hugo Cristóvão, foi delineado um "plano com várias frentes", entre a recuperação de casas dos dois bairros sociais municipais, a construção, a reabilitação de outros imóveis devolutos propriedade do município e também alguma aquisição".

Ou seja, enfatizou, há um projeto social de um "trabalho contínuo e muito posterior ao realojamento, de integração na restante comunidade", também em rede com instituições da educação e da segurança social, como base fundamental.

"É um trabalho que queremos continuar para os próximos anos e até ao ponto em que falar de uma qualquer etnia não seja assunto na cidade de Tomar", acrescentou.

O vereador lembrou igualmente que o futuro traçado para aquela zona ribeirinha assenta num projeto de fruição do rio e da natureza, com a construção de um parque urbano. A construção do parque, que representa um investimento de 2,8 milhões de euros, já se iniciou e prevê-se que a primeira fase esteja concluída até final do ano.

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