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​Vigiar milhares em tempo real. Segurança pós-JMJ será “mais cooperante” e “robusta”

03 ago, 2023 - 00:47 • Cristina Nascimento

Secretário-geral do Sistema de Segurança Interna abriu as portas do centro de coordenação e controlo estratégico, onde cerca de 40 pessoas das várias forças de segurança acompanham o fluxo dos peregrinos em Portugal para a Jornada Mundial da Juventude.

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“Não há precedentes de uma operação assim”. É como o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI) se refere à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no que toca às exigências de segurança. “Já tivemos Cimeira da Nato, Conferência dos Oceanos”, recorda, mas esta tem uma exigência diferente. Porquê? Porque a JMJ alia a presença do Papa Francisco à movimentação de centenas de milhares de pessoas.

Para garantir a segurança das entidades, pessoas e o normal funcionamento do resto do país, o trabalho de preparação para a JMJ começou há cerca de um ano e meio e envolveu mais de 30 entidades – do SIS à Proteção Civil, passando pela PSP e GNR, autarquias e até serviços de informação internacionais.

Pela primeira vez, foi possível ter em funcionamento uma sala onde não só marcam presença 14 entidades, como há meios tecnológicos e disponibilidade para uma “cooperação total”, classifica Paulo Vizeu Pinheiro, secretário-geral do SSI.

É no espaço do SSI que funciona o centro de coordenação e controlo estratégico da Jornada Mundial da Juventude. Rodeados de ecrãs, mais de 40 pessoas das várias entidades recebem e partilham informação em tempo real sobre o que se passa no terreno. Estão ali, em máxima força, das 7h00 até às 24h00 e durante a madrugada em regime de piquete.

Por exemplo, através das operadoras, é possível saber, com elevado grau de exatidão, quantas pessoas estão num determinado espaço, através do registo do número de telemóveis ligados às antenas. A informação é atualizada de 15 em 15 minutos, o que permitiu, por exemplo, identificar que esta manhã, quando o Papa foi ao Palácio de Belém, estavam 40 mil pessoas nas imediações para tentar ver Francisco.

É possível também saber quantas e onde estão as equipas das várias forças de segurança – GNR, PSP e Proteção Civil – munidas de rádios. Através de câmaras, cujo sinal é fornecido pela Infraestruturas de Portugal, é possível monitorizar o fluxo de trânsito.

É assim que mantêm debaixo de olho os quatro principais cenários da JMJ: o Parque Eduardo VII, o Parque Tejo, o Passeio Marítimo de Algés e Fátima.

Um ano de preparação e três testes ao conceito

Para chegar a este dia, as forças de segurança olharam com detalhe para edições anteriores da Jornada Mundial da Juventude, nomeadamente, a do Rio de Janeiro ou a do Panamá. Perceberam que, noutras JMJs, alguns dos problemas foram quedas de estruturas, pressão nos acessos aos recintos ou incidentes nos transportes.

Peregrinos correm para ver o Papa em Belém
Peregrinos correm para ver o Papa em Belém

Uma das situações inesperadas aconteceu no Rio de Janeiro, quando fortes chuvadas obrigaram à mudança de local da missa final que acabou por se realizar na praia de Copacabana. E se situação semelhante acontecesse cá?

Não havia um local único que conseguisse ser uma alternativa ao Parque Tejo. Nesse cenário hipotético, a missa final, onde são esperados cerca de um milhão de peregrinos, teria de ser acompanhada pelas pessoas em diversos sítios em simultâneo, por exemplo, o Parque Eduardo VII, o Parque da Bela Vista, o Passeio Marítimo de Algés e a Praça do Comércio.

O trabalho de preparação levou mais de um ano e obrigou à realização de três exercícios e o sistema foi sendo testado, por exemplo, nas comemorações do campeonato conquistado pelo Benfica ou durante os festejos dos Santos Populares.

A Jornada Mundial da Juventude entra esta quinta-feira no seu terceiro dia, mas é o primeiro que conta com a presença do Papa. Francisco fica em Portugal até domingo, o Centro de Coordenação e Controlo Estratégico vai manter-se em funções até dia 7. Mas o legado desta experiência vai perdurar, assim o deseja o secretário-geral do SSI.

Paulo Vizeu Pinheiro enaltece o espírito de “cooperação total” que se tem verificado e assegura que a partir de agora a capacidade de cruzamento de informações fica “mais robustecido”.

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