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Sapadores dizem que fogo em Monsanto alastrou por falta de informação à central

07 ago, 2023 - 23:35 • Lusa

Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores aponta o dedo aos bombeiros voluntários.

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O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores disse esta segunda-feira que o incêndio que alastrou ao Parque Florestal de Monsanto, no sábado à noite, ocorreu porque os bombeiros voluntários "não informaram" a central do regimento de Lisboa como está previsto na lei.

Em declarações à Lusa, Ricardo Cunha, representante do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS), explicou que não foi comunicada ao Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) da capital a existência de uma viatura a arder na Autoestrada 5 (A5). Foi nesta ocorrência que teve origem o fogo de Monsanto.

"As pessoas ligaram-lhes para dar conta da ocorrência e os bombeiros voluntários não informaram de imediato a central do RSB, como deve ser por lei. Deviam ter avisado que havia um fogo, que iam para lá com meios, e o regimento iria também", disse.

Segundo Ricardo Cunha, este tipo de "irregularidades cometidas pelos bombeiros voluntários" da cidade de Lisboa tem sido "recorrente", tendo o sindicato já sido alertado o vereador da Proteção Civil, Ângelo Pereira, desde que ocupa o lugar.

"O sindicato tem alertado que o socorro à cidade de Lisboa está em risco e que, se nada for feito, um dia pode acontecer algo que leve à perda de vidas e de bem materiais, e é por isso que considera que o vereador não tem condições para continuar no cargo à frente da Proteção Civil Municipal, pois já se comprometeu a tomar decisões para corrigir as irregularidades dos voluntários e nada fez", adiantou.

De acordo com o sindicalista, que pertence aos bombeiros sapadores há 18 anos, o RSB de Lisboa tem um quartel "a menos de 500 metros" do local onde se deu a ocorrência em Monsanto, pelo que "iria chegar rapidamente".

"Estamos a falar do pulmão da cidade. Se perdemos o Parque Florestal de Monsanto vai ser muito mau, é o pulmão", alertou, acrescentando que o ar na capital poderia ficar semelhante a muitas cidades no Japão em que os cidadãos têm de andar na rua de máscara.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, o vereador Ângelo Pereira (PSD) disse que "o socorro à cidade de Lisboa se encontra perfeitamente assegurado", lembrando até que o incêndio ocorreu em simultâneo com a Jornada Mundial da Juventude.

O vereador afirmou que se deslocou de imediato ao local, tendo testemunhado "a pronta e eficiente ação das várias corporações de bombeiros" presentes, com o fogo a ser "prontamente atacado e debelado".

De acordo com Ângelo Pereira, o primeiro alerta "foi dado ao RSB, através da linha 112 (INEM) às 21h55, tendo este se dirigido de imediato ao local". Seguiram-se os bombeiros voluntários de Campo de Ourique, que "tiveram conhecimento da ocorrência pelas 21h57, por observação visual direta".

"Nesse momento, o RSB assumiu o controlo das operações, tendo o incêndio sido declarado extinto às 23h14", acrescentou, salientando que no domingo ocorreu outro incêndio no Parque Florestal de Monsanto, "com alerta dado às 21h00, tendo sido prontamente atacado pelas 21h04 pelo RSB e bombeiros voluntários, encontrando-se circunscrito logo pelas 21h15".

Ricardo Cunha disse também que os Sapadores tiveram de atuar "de forma musculada e arriscar a sua vida" por não ter sido cumprido o que está regulamentado, mas que, "felizmente, ainda foi a tempo".

"O importante não é quem chega em primeiro e faz o socorro, o importante é fazer o socorro", frisou, salientando que poderia ter sido evitado que o fogo chegasse à mata de Monsanto se o RSB tivesse sido logo alertado.

Ricardo Cunha avançou ainda que vai ser pedida uma reunião com caráter de urgência ao presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, para dar conta pessoalmente do que está a acontecer "já há muito tempo" e que foi já denunciado ao vereador Ângelo Pereira.

Também a diretora municipal da Proteção Civil, acrescentou o sindicalista, "tem conhecimento das situações", além do comando do RSB, considerando que estes "devem tirar as suas conclusões".

Hoje ao fim da tarde, a vereadora do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa, Beatriz Gomes Dias, pediu esclarecimentos sobre as alegadas falhas de comunicação, num requerimento dirigido ao social-democrata Carlos Moedas.

Em comunicado, a autarca anunciou que pretende saber, entre outras questões, se a câmara confirma as informações veiculadas pelo sindicato, de que forma a suposta falha de comunicação afetou o combate ao incêndio e que medidas foram tomadas para que eventuais situações semelhantes não se repitam. .

O Parque Florestal de Monsanto, às portas da cidade (na área ocidental), tem mais de 900 hectares, sendo conhecido como "o pulmão de Lisboa". É uma mata diversificada, com equipamentos desportivos, culturais e de lazer.

O fogo não fez vítimas nem estragos além do perímetro da mata, mas chegou a cortar total e parcialmente o trânsito na A5 durante algumas horas.

Os bombeiros voluntários têm uma profissão principal, sendo bombeiros em regime de voluntariado, geridos normalmente por associações humanitárias de bombeiros ou privados, licenciados pelas câmaras municipais e validados pela Proteção Civil.

Já os bombeiros sapadores são os corpos de bombeiros de cariz totalmente profissional, em que não existem voluntários, existindo sobretudo nas grandes cidades, sob a tutela da câmara municipal.

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