11 ago, 2023 - 18:37 • Lusa
O primeiro-ministro afirmou esta sexta-feira que o Presidente da República pode analisar o diploma sobre a habitação "com toda a serenidade" e pronunciar-se depois das férias, mas salientou que "há uma grave crise nacional" nesta área.
"Não haverá problema nenhum se [Marcelo Rebelo de Sousa] só se pronunciar sobre o diploma depois das férias. Todos nós merecemos boas férias e o senhor Presidente da República, um homem particularmente ativo, também merece descansar", afirmou António Costa.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita às obras do Teatro Nacional D.Maria II, em Lisboa, o chefe de Governo considerou que não há "pressa nenhuma" e o Presidente da República, "com toda a serenidade, tem tempo para apreciar os diplomas e depois decidir o que entender decidir sobre eles".
Questionado se teme que o diploma possa ser vetado, o primeiro-ministro não respondeu diretamente e afirmou que o chefe de Estado "tem as suas competências próprias e exercê-las-á".
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"Não vou pôr-me aqui a especular nem estar de alguma forma a condicionar o exercício das competências próprias por parte do senhor Presidente da República", ressalvou.
António Costa salientou que "há uma grave crise nacional em termos de habitação" à qual é preciso dar resposta e defendeu que, embora haja "ene respostas possíveis", o programa Mais Habitação "tem uma panóplia muito diversificada de intervenções dirigidas ao setor privado, cooperativo e também às autarquias e ao Estado".
O primeiro-ministro salientou que "o diploma que foi aprovado na Assembleia da República é uma das peças deste programa", mas agora é preciso separar para ver "o que o senhor Presidente da República tem a dizer".
"Utiliza-se muitas vezes em vão a palavra crise, mas se há matéria sobre a qual a palavra crise é apropriada, tem que ver com a habitação", defendeu, sustentando que, "fruto de circunstâncias várias, de uma conjunção de vários fatores, o custo da habitação cresceu muito significativamente, seja para compra de casa própria, seja para arrendamento".
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Costa considerou que "o agravamento da taxa de juro por parte do Banco Central Europeu não tem facilitado a situação e é necessário criar um conjunto de incentivos para que as casa que estão fora do mercado sejam colocadas no mercado e para que terrenos que não estão a ser aproveitados sejam utilizados para construção, e que haja mais promoção pública de habitação para poder regular o mercado".
"E, sobretudo, tornar a habitação mais acessível, em particular para as jovens gerações", defendeu.
Em declarações aos jornalistas na quinta-feira, numa praia do Algarve, onde se encontra de férias, o Presidente da República indicou que já recebeu o pacote relativo à habitação e que tem "20 dias" para se pronunciar, ou seja, até dia 29 de agosto.
"Teoricamente oito dias para levar para o Tribunal Constitucional e depois mais 12 dias para promulgar ou vetar. Vai ser com o que vou ocupar as minhas manhãs e as minhas noites nos próximos dias, mesmo em férias", afirmou.
"São talvez as questões à partida que são mais "divisivas" e polémicas, pelo menos uma das leis. [Uma] é uma lei de funcionamento da Administração Pública, para tornar mais expedita a construção de habitações e o acesso à habitação e terminar com burocracias, a outra é a que tem o arrendamento forçado e o alojamento local. [Para] essa, tenho de olhar com mais cuidado", indicou Marcelo Rebelo de Sousa.