Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Renascença alvo de notícias falsas difundidas por André Ventura

14 ago, 2023 - 13:00 • Redação

Tendo por base a Jornada Mundial da Juventude, André Ventura publicou na rede social “X”, uma imagem de uma notícia, graficamente semelhante à do site da Renascença, mas que nunca foi publicada. Questionado pela Renascença, André Ventura não esclareceu a origem da publicação.

A+ / A-

O deputado e dirigente do Chega André Ventura publicou na rede social “X” uma imagem de uma notícia, graficamente semelhante à do site da Renascença, mas que nunca foi publicada. Questionado pela Renascença, André Ventura não esclareceu a origem da publicação que tinha por base a Jornada Mundial da Juventude.

A difusão de notícias falsas é um dos problemas do jornalismo contemporâneo. Só durante a COVID, em 2020, a Comissão Europeia detetava diariamente mais de 2.700 noticias falsas sobre a forma de combater a pandemia e, no caso das eleições norte-americanas também em 2020, um estudo revisto pela Harvard Kennedy School referia que a eleição “viu um número sem precedentes de notícias falsas” defendendo que “Donald Trump foi o verdadeiro vencedor da eleição”.

Na última semana, a Renascença foi alvo de uma ação deste tipo. André Ventura, líder do partido Chega, usou a imagem de uma notícia que aparentemente parece ser do site da Renascença, mas que não existe: nem no site da Renascença, nem em nenhum outro que seja identificado através de uma busca na Internet.

A notícia falsa aparenta ter tem um propósito político. É sobre a Jornada Mundial da Juventude e o título é "Milhares de inscritos na JMJ desaparecidos. Imigração ilegal”, diz especialista".

Esta notícia terá por objetivo reforçar a mensagem política do líder do Chega que na sua conta da rede social “X” onde a publica esta notícia, escreve: “Nós tínhamos avisado. O Governo não fez absolutamente nada!”

Uma procura no motor de busca Google pelo título não devolve nenhum resultado. A notícia não existe, usa o grafismo do site da Renascença, mas nunca foi publicada pela Renascença como adianta Pedro Leal, Diretor de Informação da Renascença: “Tudo isto é falso. O grafismo é semelhante, mas mesmo o tipo de letra não é o nosso. A Renascença nunca publicou este conteúdo."

Nos últimos dias, a Renascença tentou falar com André Ventura, que nunca respondeu ao nosso contacto. Falamos também com a assessora de imprensa do Chega que apenas referiu “que estavam a apurar os factos”. Ao longo de oito dias o Chega e André Ventura não explicaram a publicação na rede social “X” – uma publicação com grafismo semelhante ao do site da Renascença, mas que a Renascença nunca publicou e não surge no Google.

As notícias falsas servem sempre um interesse e a área política é um dos ambientes perfeitos para a proliferação de informações não veridicas – o esquema normal é a utilização das redes sociais para a disseminação de conteúdos enganosos disfarçados de informação credível, muitas vezes usando imagens gráficas de notícias de órgãos de informação credíveis, mas que não passam de manipulações com um objetivo político concreto.

Para Luis Santos, professor na Universidade do Minho e diretor-adjunto do Centro de Estudos de Comunicações e sociedade, a política é o ambiente perfeito para disseminação de notícias falsas. “É um ambiente que, sobretudo nos últimos 50 anos, se tornou cada vez mais um espaço de emoção e, nesse sentido, a circulação de informação falsa encaixa de forma muito completa na forma de funcionar da política. A política é um território fértil para a circulação de desinformação."

As notícias falsas são uma ameaça à própria democracia e na opinião de Luis Santos são necessários instrumentos de verificação e fiscalização ativos. “Eu creio que o importante é tornar a classe política mais responsável pelos seus atos. Haver mecanismos extra mundo da política que de alguma forma controlem, fiscalizem, acompanhem o que os políticos vão dizendo e que vão chamando à atenção, apontando imprecisões, incorreções e mentiras."

Esta a necessidade de verificação, para o professor da Universidade do Minho, deve começar através de um esforço individual e da comunidade com pessoas “mais bem informadas e que querem olhar para os assuntos de uma forma critica”. Deve começar-se “a fazer-se nas escolas, mas faz-se em casa, nas universidades, nas nossas conversas de uns com os outros. Isso é muito complicado de fazer e é por causa de ser tão complicado que nós vemos este fenómeno do abuso a crescer de uma forma tão preocupante.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Antero Santos
    14 ago, 2023 Porto 23:03
    Para quando meterem o coisinho do ventruja e a corja do seu partido em tribunal,em vez de irem tirar satisfações...
  • Rui
    14 ago, 2023 Santa Iria de Azóia 19:03
    Parece-me bem feito, para ver se aprendem a deixar de dar confiança a malfeitores. Continuem a protegê-lo e a dar-lhe destaque e vão ver o que vos acontece! Bem feito, portanto!

Destaques V+