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População de Covas do Barroso sai à rua, em defesa da região e contra a mina de lítio

15 ago, 2023 - 08:00 • Olímpia Mairos

Os principais motivos contra a mineração são “as pessoas”, a qualidade de vida, o sustento de quem vive no território e a água.

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É mais uma ação de protesto contra a mina de lítio projetada para a aldeia de Covas do Barroso, no Concelho de Boticas. A população sai à rua, esta terça-feira, para fazer ouvir a sua voz contra um projeto que “pode destruir a aldeia e a região do barroso”.

“Este é um projeto contra tudo e contra todos”, diz Nelson Gomes, da Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso, lembrando que “nenhum projeto destes avança sem licença social para operar”.

“E o que acontece aqui, no nosso caso, é que eles [empresa Savannah] não têm licença social para operar, porque não têm o aval nem da população, nem da câmara, nem da junta, nem do conselho diretivo de baldios”, explica.

No final de maio foi anunciada uma Declaração de Impacte Ambiental (DIA) favorável, condicionada à mina de lítio do Barroso, na zona de Covas do Barroso, uma decisão contestada pelo município, população local e organizações ambientalistas.

Nestas declarações à Renascença, Nelson Gomes assegura que continuam a lutar e a “não dar autorização à empresa, porque, embora o Governo - a Agência Portuguesa do Ambiente - tenha emitido a declaração de impacto ambiental favorável, o que é certo é que a empresa não tem autorização para entrar nos terrenos”.

Segundo este habitante, “os terrenos são das pessoas que cá vivem: grande parte são terrenos particulares e outra parte são terrenos baldios, terrenos comunitários que são geridos pela população. Ou seja, a empresa, neste momento, não tem sequer autorização para entrar nos terrenos, embora eles tenham dado um passo importante”, acusando a Agência Portuguesa do Ambiente de ter cedido “aos interesses financeiros e económicos”.

As pessoas em primeiro lugar

Nelson Gomes destaca que os principais motivos que os opõem à mineração são “as pessoas”, a qualidade de vida, o sustento de quem vive no território e a água.

“Em primeiro de tudo, é a vida da população que está em jogo, porque estamos a falar de minas a céu aberto com dimensões enormes, mesmo perto das casas das populações. As pessoas ficam sem os terrenos que são necessários para a sustentabilidade, porque a maior parte da gente que vive cá vive da agricultura e precisa dos terrenos que tem para trabalhar e também da água, que é o recurso mais importante que temos”, explica.

De acordo com a Associação Ambiental Unidos em Defesa de Covas do Barroso, a mina da Savannah “é o projeto de extração de minerais de lítio mais avançado em território português. É a primeira de várias minas que o Governo português pretende desenvolver, algumas aqui na região do Barroso, mas também noutras partes do país”.

“Nós, por exemplo, aqui, no caso da região do Barroso, neste momento temos praticamente 15 minas projetadas. Estamos a falar de uma região que está classificada como Património Agrícola Mundial, que tem a maior parte da biodiversidade a nível nacional, que é uma zona muito rica em água e em natureza”, diz Nelson Gomes.

E é precisamente por todos esses motivos que a população promete continuar a lutar.

“É por estes motivos que vamos continuar a lutar, porque achamos que estamos no caminho certo. Estamos a fazer aquilo que é certo, porque, num tempo em que se fala tanto em preservar, em preservar a biodiversidade e preservar o meio ambiente e preservar a qualidade de vida das populações, não faz sentido um projeto desta natureza”, lamenta o responsável.

A mina do Barroso tem uma duração estimada de 17 anos e a área de concessão prevista é de 593 hectares.

A manifestação, agendada para esta terça-feira, contra a exploração mineira no Barroso, marca também o fim de um acampamento que reuniu na aldeia mais de 200 participantes nacionais e provenientes de países como Inglaterra, Alemanha, Sérvia, Holanda, Chile e México.

“São pessoas com conhecimento de causa, que já têm a experiência, e que sabem o que nos está a acontecer, a nós, que querem ajudar, e que nos ajudam a definir estratégias futuras”, conclui.

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