16 ago, 2023 - 13:59 • Lusa
Cerca de duas dezenas de trabalhadores de empresas que prestam serviços nos centros de contacto e lojas da EDP concentraram-se em Lisboa esta quarta-feira para pedir reuniões com os grupos parlamentares e o Governo, pela inclusão no Acordo de Empresa.
"Porquê? Porquê? Não somos EDP?" gritavam cerca de duas dezenas de trabalhadores subcontratados para os centros de contacto e lojas da EDP, que estão esta quarta-feira em greve, concentrados esta manhã frente à escadaria da Assembleia da República.
Os trabalhadores das lojas estão em greve desde segunda-feira até sábado e os dos centros de contacto estiveram também na segunda-feira, cumprindo hoje o segundo e último dia de paralisação, convocada pela Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Química, Farmacêutica, Elétrica, Energia e Minas (Fequiemetal), por melhores salários e uma contratação coletiva.
"Durante muitos anos nós reivindicávamos ser trabalhadores dos quadros da EDP, atualmente a única coisa que pretendemos é usufruir do Acordo de Empresa da EDP, termos os mesmos direitos que os trabalhadores dos quadros da empresa têm. [...] Andamos sempre numa instabilidade que, na realidade, não sabemos quando é o nosso último dia de trabalho", disse aos jornalistas Anabela Silva, trabalhadora dos "call centres" da EDP há 23 anos e dirigente sindical.
Os trabalhadores convidaram os partidos para comparecer no local da concentração, para entregar uma carta a cada um deles, a solicitar o agendamento de uma reunião para abordar estas questões, tendo contado com a presença da líder parlamentar do PCP, Paula Santos.
De seguida, os trabalhadores deslocaram-se à residência oficial do primeiro-ministro e ao Ministério do Trabalho, para entregar o mesmo documento.
"Todas estas situações já foram faladas com a EDP várias vezes, [a empresa] diz que está satisfeita com este modelo de negócio e que vai continuar. [...] A EDP está-se a borrifar para esta situação", apontou Anabela Silva, considerando que o "Governo é o maior culpado", porque "se quisesse já tinha acabado com esta brincadeira", mudando a legislação.
A dirigente sindical alertou ainda para a possibilidade de um despedimento coletivo numa das cerca de 10 empresas contratadas pela EDP, que tem cerca de 400 trabalhadores alocados àqueles serviços, uma vez que perdeu o concurso para a contratação.
"Não é fácil alocar 400 pessoas noutros projetos, [...] podemos estar perante um cenário de despedimento coletivo", avisou a dirigente sindical.
Após receber a carta, a líder parlamentar do PCP disse aos jornalistas que o partido vai aceder ao pedido de agendamento de reunião e considerou que as reivindicações daqueles trabalhadores, que cumprem funções permanentes na empresa, são de "grande justiça".
"Sem estes trabalhadores os serviços não funcionam, são trabalhadores necessários", apontou Paula Santos.
De acordo com o sindicato, na segunda-feira, a greve teve uma adesão de cerca de 90%, a nível nacional, levando ao encerramento da maior parte das lojas.
"O recurso a empresas de trabalho temporário tem contribuído para a fragilização das relações laborais, para o ataque aos direitos dos trabalhadores e também para reduzir os custos do trabalho. Estamos a falar, ainda por cima, de uma empresa que ainda há semanas soubemos que teve aumentos dos seus lucros", apontou Paula Santos.