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Direitos dos Animais

Ex-militar abate cão a tiro alegando "legítima defesa". Testemunha fala de "ato cruel"

23 ago, 2023 - 17:34 • Miguel Marques Ribeiro

Caso ocorreu em Moncarapacho, Olhão. O autor do disparo, entretanto constituído arguido, diz que foi atacado quando se encontrava a passear o seu próprio cão, juntamente com a mulher. Testemunha diz que o animal era pacífico e que o ex-militar não precisava de atirar a matar.

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Um militar reformado do Exército abateu um cão a tiro na via pública, em Moncarapacho, no concelho de Olhão.

Os factos ocorreram pelas 22h30 de segunda-feira e, na versão que o ex-militar contou à GNR, o disparo terá sido feito em legítima defesa.

O animal terá, alegadamente, atacado um outro cão, pertencente ao autor do disparo, quando este se encontrava a passear, na companhia da mulher.

O indivíduo, entretanto constituído arguido, “considerou a sua integridade física estaria em causa”, explica fonte da GNR à Renascença, e “acabou por fazer uso da arma de defesa pessoal” disparando um tiro sobre um outro cão que “estava solto na via pública”.

Esta versão, no entanto, é posta em causa por populares que acorreram ao local.

Carolina Graça conta à Renascença que, depois de ouvir um estrondo, saiu com uma colega do restaurante, onde estava a trabalhar, para a rua, para ver o que se passava.

“Moncarapacho é um sítio muito pacato. Eu nunca imaginei que fosse um tiro. Olhei para o meu lado direito e vi o animal deitado. Ele ainda mexia o rabinho”.

Nessa altura, conta Carolina, o ex-militar estava a guardar a arma e logo de seguida quis sair do local juntamente com a mulher e o seu próprio animal de estimação.

No entanto, a interpelação da funcionária do restaurante terá feito o arguido mudar de ideias. “Perguntei aos senhores o que se tinha passado. Eles continuaram em frente, em passo largo”.

Carolina ameaçou então que iria chamar a GNR. “Então a senhora disse ao senhor: “É melhor ires à GNR antes que ela vá primeiro”. E ele então foi à GNR”.

O cão, pertencente a uma vizinha, terá agonizado, ainda com vida, durante 20 minutos, mais ou menos o tempo que a GNR de Moncarapacho demorou a chegar ao local.

Na altura em que os acontecimentos ocorreram, garante Carolina, ainda havia clientes no restaurante e ninguém ouviu qualquer barulho que indicasse que o casal ou o seu cão pudessem estar a ser atacados: “Aquilo foi tão perto do restaurante que se tivesse ouvido alguma 'guerreia' [sic] nós tínhamos ouvido. E não ouvimos nada”, afirma.

Para além do mais trata-se de um animal conhecido da vizinhança e que, nas palavras da habitante de Moncarapacho, “nunca fez mal a ninguém. O animal era totalmente pacífico. Ele só tinha tamanho”.

Depois da intervenção da GNR de Moncarapacho, a arma “foi recolhida”, tal como o animal, para “necropsia” e os factos “remetidos para o tribunal” de Olhão, explica à Renascença fonte da Guarda.

“Há um processo que vai decorrer” e “haverá naturalmente diligências por parte do Ministério Público que serão necessárias para apurar as circunstâncias nas suas várias versões”.

Carolina Graça sublinha a estranheza com a atitude do ex-militar: “Foi um tiro no pescoço, logo para matar. O senhor podia ter tido outra atitude. Dar um tiro para o ar”.

A vontade é assim que o caso não seja arquivado: “Queremos bater o pé. Isto não é normal. Foi um ato muito cruel e queremos justiça”, declara.

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