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Estudo recomenda o alargamento da vacina contra HPV a adolescentes e jovens adultos

06 set, 2023 - 09:48 • Lusa

A vacina é preventiva, não servindo para tratar a infeção em pessoas que já estão infetadas.

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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) concluiu que o alargamento da vacinação contra o vírus do Papiloma Humano (HPV) em adolescentes e jovens adultos do sexo masculino deve estender-se até aos 26 anos.

Em causa está o alargamento da vacinação a adolescentes e jovens adultos do sexo masculino que não tenham iniciado a sua vida sexual.

Com este alargamento, acreditam os especialistas, poder-se-ia reduzir o risco de infeção pelo vírus e o desenvolvimento de doenças associadas, como o cancro.

"Na população masculina, a vacina contra o HPV é eficaz na prevenção de doenças associadas a este vírus. A eficácia da vacina é maior nos indivíduos que ainda não tiveram infeção por HPV, isto é, antes do início da atividade sexual. Contudo a sua eficácia mantém-se significativa nos homens, mesmo com infeção ou doença prévia por HPV, até aos 26 anos", explica a investigadora Carmen Lisboa, citada num resumo do estudo partilhado com a Lusa.

Os dados deste estudo foram já publicados na revista científica Vaccines.

A equipa reviu dados a nível internacional que envolveram 14.239 participantes do sexo masculino, dos quais 1.076 eram rapazes com idades entre os 9 e os 15 anos, de vários países do mundo e com diferentes orientações sexuais.

Os resultados mostraram uma eficácia maior da vacina em homens sem infeção pelo HPV, o que corresponde aos rapazes mais novos, sobretudo crianças e adolescentes.

Ficou também evidente a eficácia da vacina em homens até aos 26 anos de idade, com ou sem história de infeção por HPV.

Carmem Lisboa acrescenta que "os estudos realizados e analisados nesta revisão sistemática não evidenciaram diferenças na eficácia da vacina na prevenção de infeção e doenças associadas ao HPV em grupos de homens com diferente orientação sexual ou homens com infeção por VIH, até àquela idade".

Inicialmente, a vacina contra o HPV foi recomendada para administração a raparigas antes do início da atividade sexual, entre os 10 e os 12 anos. .

Mais tarde, a investigação veio demonstrar a eficácia da vacina também nos rapazes e desde 1 de outubro de 2020, o Programa Nacional de Vacinação (PNV) alargou a vacinação contra o HPV aos rapazes, sendo administrada aos 10 anos.

A idade máxima para iniciar esta vacinação nos rapazes é 17 anos.

A infeção pelo HPV é a infeção de transmissão sexual mais frequente entre os mais jovens (dos 15 aos 25 anos de idade).

Até 80% dos homens e mulheres serão infetados pelo HPV em determinado momento da sua vida.

Além do trato anogenital, o vírus pode invadir a cavidade oral, orofaringe e laringe, provocando doenças malignas, como cancro anal e genital, bem como cancro da cabeça e pescoço.

A vacina é preventiva, não servindo para tratar a infeção em pessoas que já estão infetadas.

Dados da FMUP apontam que "a eficácia da vacina nos homens até aos 26 anos sem infeção prévia varia de 89% para as verrugas genitais e entre 90% a 92% na prevenção de lesões pré-cancerosas e cancro anal".

"Dado que temos evidência da eficácia até aos 26 anos, a vacinação gratuita no PNV deveria contemplar estes jovens até aos 26 anos inclusive, ou seja, até ao dia antes de fazerem 27 anos", defende Carmem Lisboa.

Reconhecendo que "o custo é uma das principais barreiras à vacinação contra o HPV", a investigadora acrescenta que "o facto de ser divulgada como prevenção do cancro do colo de útero, direcionada ao sexo feminino, tornou mais difícil a sua implementação no sexo masculino".

"A vacinação contra o HPV deverá ser neutra de género", frisa.

O estudo "Impact of Human Papillomavirus Vaccination on Male Disease: A Systematic Review", em português "Impacto da vacinação contra o papilomavírus humano nas doenças masculinas: uma revisão sistemática", é também assinado por Catarina Rosado, Ângela Rita Fernandes e Acácio Gonçalves Rodrigues, docentes da FMUP e investigadores CINTESIS@RISE.

Esta investigação teve financiamento do programa Horizonte Europa e Norte 2020.

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