13 set, 2023 - 06:32 • Lusa
As empresas portuguesas admitem dificuldades em reter talento, com 52% das organizações a darem conta deste problema, de acordo com um estudo realizado pela Mercer, divulgado esta quarta-feira.
"Apesar de os últimos anos terem sido marcados pelo decréscimo do "turnover" [rotatividade] voluntário -- que passou de 10%, em 2019, para 5,6%, em 2020, diminuindo posteriormente para 5% --, em 2023 o panorama inverteu-se", destacou, acrescentando que "52% das organizações reconhecem dificuldades na retenção de talento", com a percentagem de trabalhadores que saíram voluntariamente atingir, em média, 10,6%.
Segundo a consultora, "as organizações antecipam uma evolução positiva na esfera da compensação, sendo que os aumentos salariais previstos para 2023/2024 rondam, em média, os 4,2% (superiores ao observado em 2022)". Ainda assim, "a percentagem mantém-se abaixo da inflação projetada", indicou.
Marta Dias, "Rewards Leader" da Mercer Portugal, afirmou, citada na mesma nota, que "apesar de se verificar um aumento, os incrementos salariais previstos mantêm-se abaixo da inflação projetada, dificultando a recuperação do poder de compra dos colaboradores".
"Do que foi possível analisar, as organizações mantêm-se atentas à evolução da inflação, mas este contexto continuará a ser um desafio para as empresas e colaboradores em Portugal", adiantou.
Por outro lado, sobre as intenções de contratação, os dados do estudo apontam alguma cautela por parte das organizações. "O Total Compensation 2023 apresenta um cenário no qual 35% das organizações confirmam a intenção de aumentar" a sua força de trabalho ainda este ano, "mas apenas 27% admitem, para já, manter esse crescimento em 2024", disse afirma Tiago Borges, Career Business Leader da Mercer Portugal.
Segundo o estudo da Mercer, o salário base anual de um jovem recém-licenciado no seu primeiro emprego é, em média, 18.457 euros.
A consultora indicou ainda que o estudo revela que "a maioria das organizações (82%) realiza uma revisão salarial anual", e que o "desempenho individual continua a ser o principal fator que influencia a atribuição de incrementos salariais, sendo mencionado por 95% das empresas".
Verifica-se também que "87% das organizações atribuem formas de remuneração variável à totalidade ou a uma parte dos seus colaboradores".
O estudo "Total Compensation Portugal" inclui este ano dados de 570 empresas e quase 200.000 postos de trabalho.
A lista de organizações participantes é maioritariamente constituída por organizações internacionais (cerca de 64%), sendo as restantes nacionais (cerca de 36%), de diversos setores, segundo a Mercer.