14 set, 2023 - 10:11 • Redação
Cerca de 700 professores, estudantes e investigadores de ciências biomédicas vão participar, a partir desta quinta-feira, na 18ª edição do YES Meeting - um congresso organizado por estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
A presidente do congresso, Ana Rita Soares, antecipa à Renascença que vai ser apresentada aos estudantes uma alternativa à resistência das bactérias aos antibióticos, que passa pela injeção de determinados vírus no organismo que "comem" as bactérias provocadoras de infeções.
"Vão debater-se alternativas aos antibióticos, aos convencionais, digamos assim. Usar, por exemplo, vírus para transportarem antibióticos e alterarem as nossas células, por forma a conseguirmos combater as bactérias. Usar outras formas, que não o medicamento em si, para conseguir atingir os microrganismos patológicos e conseguirmos combater essas resistências que há, para já, aos antibióticos convencionais."
Bebé estava colonizado pela bactéria multirresiste(...)
A estudante de medicina mostra preocupação com a diminuição que se tem verificado na eficácia dos antibióticos convencionais para combater as bactérias que causam infeções nos hospitais e diz que essa resistência se deve à toma desadequada de antibióticos pela população.
"É uma questão grave que, hoje em dia, lidamos nos hospitais - a questão de já não termos antibióticos que lidem com as bactérias e com os organismos que infetam as pessoas. Por isso, ouvimos muitas vezes falar de pessoas ficarem infetadas com bactérias multirresistentes e já não há muitos antibióticos que possam ser usados. Isso é uma questão, muitas vezes, de mau uso dos antibióticos na população em geral", alerta.
A sessão "Uma nova era de antibióticos" será apresentada pelo microbiologista francês Laurent Debarbieux, que é presidente da associação sem fins lucrativos PHAGE - grupo europeu para administração de fagos em humanos -, e pelo biólogo alemão Tim Clausen, que lidera uma equipa de investigação do Instituto de Patologia Molecular austríaca que estuda formas de degradação bacteriana.
A participação do médico e ativista humanitário James Orbinski numa das sessões é um dos pontos altos da iniciativa que reúne os jovens estudantes. Orbinski era presidente dos Médicos Sem Fronteiras quando a organização recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1999.
Ana Rita Soares explica a presença do médico ativista com a necessidade de responder ao contexto atual de instabilidade humanitária com mais solidariedade na medicina.
"Por isso, também, o trouxemos. Para falar um pouco da parte humanitária. Já sabemos que, hoje em dia, com a guerra na Ucrânia e com as crises migratórias, nós achamos pertinente ter uma palestra sobre a humanidade na medicina e o serviço que nós podemos prestar, em termos de solidariedade", esclarece.
James Orbinski vai partilhar o painel com o médico anestesista Gustavo Carona, que se dedica a missões humanitárias desde 2009.
O YES meeting é o congresso de estudantes de ciências biomédicas mais antigo em Portugal e junta aos estudantes professores universitários, investigadores e profissionais de saúde. O Presidente da República, a ministra da ciência, tecnologia e ensino superior e o ministro da saúde integram uma comissão de honra com 15 personalidades da sociedade civil e da área da saúde.