25 set, 2023 - 09:00 • André Rodrigues com Redação
Doentes com cancro do pulmão perdem, em média, 10 anos de vida ativa. O número é avançado à Renascença pelo presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão, nesta segunda-feira em que se assinala o Dia Mundial do Pulmão.
José Alves admite que os portugueses estarão a "perder cerca de 50 mil anos" de vida ativa, por causa do cancro do pulmão, considerando que, todos os anos, são diagnosticados entre 4 mil e 5 mil novos casos.
"A perda de anos ativos é enorme. Essa perda de deixar de ter uma capacidade de uma força de trabalho que é rentável é muito maior do que o custo com o tratamento do cancro do pulmão. Os portugueses perdem muitos anos de vida, à volta de 10 por cancro. A 5.000 cancros, são 50.000 anos de vida ativa por ano", diz.
Comparando os números da mortalidade entre homens e mulheres - até 2021 - o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão mostra-se preocupado por causa do aumento muito significativo das mortes na população feminina.
"Em relação ao masculino, mantém-se completamente estável - 3.455 em 2013 e 3.502 em 2020. Enquanto isso, no mesmo período, as mulheres sobem de 872 mortes para 1.151. É um aumento de 32%", adianta.
José Alves justifica o dado com o elevado consumo de tabaco. "As mulheres começaram a fumar mais do que os homens há duas ou três décadas. Quando é que vamos ter a correção destes números? Duas ou três décadas depois de elas deixarem de fumar".
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O cancro do pulmão é a doença oncológica que mais mortes causa todos os anos em Portugal, que continua a afetar, sobretudo, a população masculina, embora haja registo de um aumento muito preocupante do número de óbitos nas mulheres.
Ao nível do tratamento, as terapias inovadoras têm representado uma esperança renovada para os doentes. José Alves destaca que, pela primeira vez em 2019, o total de óbitos ficou abaixo dos diagnósticos.
"Em 2018, apareceram 4.424 diagnósticos e faleceram 4.621 pessoas. No ano seguinte, em 2019, tivemos 5.208 diagnósticos, mas já só há 4.703 mortes. Quer dizer que, pela primeira vez, se consegue uma diferença entre a incidência e a mortalidade. Ou seja, há um aumento da esperança de vida no cancro de pulmão muito significativo, através da terapêutica inovadora e da imunoterapia".