07 out, 2023 - 15:41 • Lusa
Os chefes de Estado de Portugal e da Roménia sublinharam este sábado, em Lisboa, que veem "o mundo da mesma maneira" e que apoiam e apoiarão incondicionalmente a Ucrânia.
"Estivemos, estamos e estaremos ao lado da Ucrânia", sublinhou o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, numa conferência de imprensa conjunta no Palácio de Belém, no âmbito da visita de Estado a Portugal do chefe de Estado da Roménia.
"Desde o primeiro dia afirmei que a Roménia vai apoiar a Ucrânia no que for necessário, sem condições", corroborou Klaus Iohannis, comprometendo-se a "contribuir ainda mais para facilitar o trânsito de cereais ucranianos".
"Nunca dificultámos este trânsito [...], ao contrário de outros países vizinhos", assinalou.
Vinte e cinco milhões de toneladas de produtos agrícolas da Ucrânia passaram já pela Roménia durante a invasão pela Rússia, contabilizou Klaus Iohannis, explicando que isso significa que "a maior parte dos cereais ucranianos já passa pela Roménia a caminho dos mercados internacionais".
Bucareste está também a disponibilizar as suas águas territoriais para o fluxo desses produtos agrícolas, frisou, reconhecendo que a atual situação tem gerado discussões com os produtores romenos.
Porém, frisou, essas discussões não mudarão a posição de abertura da Roménia. Já quanto à venda dos produtos agrícolas ucranianos, Klaus Iohannis referiu que o processo está a ser decidido em conjunto com as autoridades de Kiev.
Os ataques russos contra portos ucranianos no Danúbio têm-se repetido e, em pelo menos duas ocasiões, foram encontrados fragmentos de "drones" russos do lado romeno, ou seja, em território da Aliança Atlântica (NATO).
Os incidentes levaram a Roménia a ativar alertas telefónicos para avisar os residentes nas zonas fronteiriças de possíveis riscos, bem como à construção de dois abrigos antiaéreos na cidade de Plauru.
A Rússia intensificou os ataques contra os portos fluviais no oeste da Ucrânia depois de ter suspendido, em julho, a participação no acordo, sob a égide das Nações Unidas, que permitia a exportação de cereais ucranianos bloqueados pela guerra, considerado crucial para a segurança alimentar mundial.
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm acusado a Rússia de pôr em perigo a segurança alimentar global ao tentar impedir a saída de cereais do país que invadiu em 24 de fevereiro de 2022.
Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.