11 out, 2023 - 22:38 • Anabela Góis
O ministro da Saúde admite a criação de equipas dedicadas ao serviço de urgência. O presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Xavier Barreto, diz que é uma reivindicação antiga que, se já tivesse sido generalizada, não teríamos a crise que estamos a atravessar nos hospitais.
“Nos locais onde funcionaram equipas dedicadas, em vários hospitais do Serviço Nacional de Saúde como o Hospital São João, em Loures, em Cascais e noutros, estas equipas funcionaram em com excelentes resultados em todas as dimensões, da qualidade dos cuidados, na satisfação dos doentes até na redução de custos”, afirma Xavier Barreto, em declarações à Renascença.
O presidente da Associação de Administradores Hospitalares considera, por isso, que “não há razão para que elas não sejam disseminadas em todo o serviço nacional”.
“É claro que isso obriga à definição de uma outra estrutura de incentivos. Não podemos pagar a estes profissionais não tendo em conta a penosidade do trabalho, que obriga a fazer noites e fins de semana. É um trabalho difícil, muito exigente e, portanto, naturalmente, tem que ter um quadro de incentivos próprio”, sublinha.
“É isso que esperamos que aconteça e é isso que temos pedido há já muitos meses ao Ministério da Saúde. Infelizmente, não avançou, mas se tivesse avançado, provavelmente, não estaríamos nesta situação”, acredita.
OE2024
"Era bom que neste Orçamento do Estado houvesse pr(...)
Sobre o Orçamento do Estado para 2024, Xavier Barreto lamenta que não esteja prevista a valorização salarial dos quadros mais qualificados do SNS, que vão ter aumentos de 3%.
“Não há a valorização que nós gostaríamos que existisse. Essa valorização é feita para os salários mais baixos, onde existe um aumento de 6,8% e uma recuperação do poder de compra. Mas nós gostávamos que essa ideia fosse estendida aos outros escalões e aos profissionais mais qualificados e isso não aconteceu no Orçamento do Estado.”
Pela positiva, Xavier Barreto destaca o facto de na proposta de Orçamento do Estado ficar previsto que os hospitais deixem de entregar um plano de atividades e orçamento para ser aprovado pelas Finanças, sendo que dependia desta aprovação a capacidade dos hospitais fazerem investimento ou contratarem profissionais.
“Esse plano deixa de existir, passa a ser um outro com outro nome, um plano de desenvolvimento organizacional. E deixa de ser aprovado pelas finanças, passa a ser aprovado apenas e só pelo Ministério da Saúde. Esta é uma mudança importantíssima que nós pedíamos há já muitos anos”, refere o presidente da Associação de Administradores Hospitalares.
Xavier Barreto recorda que, este ano, só foram aprovados cerca de metade dos planos de atividades e orçamentos entregues pelos hospitais, e com cortes.