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Fazer 150 horas extra "não é coisa significativa". Cirurgião Manuel Antunes diverge da classe

12 out, 2023 - 06:30 • Henrique Cunha

Em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia, o cirurgião de Coimbra deteta algum "exagero" na recusa da classe em fazer mais de 150 horas extraordinárias, embora também reconheça que "o pessoal possa estar cansado". Manuel Antunes defende que as horas a mais devem ser mais bem pagas.

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O médico e professor universitário Manuel Antunes confessa sentir "algum desgosto" por "ouvir pessoas a dizer que não querem fazer mais do que as 150 horas extraordinárias a que são obrigadas".

Em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia, que será emitida no domingo, o cirurgião de Coimbra deteta algum "exagero" nessa recusa, embora também reconheça que "o pessoal possa estar cansado".

“Confesso que sinto algum desgosto quando ouço as pessoas a dizer que não querem fazer do que as 150 horas a que são obrigadas por lei. 150 horas dividas por 50 semanas dá três horas por semana, meia hora por dia. Acho que não é coisa significativa quando as outras pessoas trabalham muito mais horas do que isso. Acho que há aqui um exagero em relação a isso, mas admito que o pessoal está cansado e não queira fazer mais trabalho”, adianta.

Defensor do Serviço Nacional de Saúde, Manuel Antunes defende melhorias ao nível da compensação económica das horas extraordinárias.

O especialista, que é também presidente da Cáritas de Coimbra, diz que os médicos estão mal distribuídos entre público e privado e defende que o problema se resolve “se houver uma compensação económica do valor dessas horas”.

Manuel Antrunes lembra que “já houve tempos em que eram pagas extraordinárias - as chamadas horas inconvenientes - e que eram pagas duas vezes e meia acima do valor da hora básica”.

"Isso desapareceu na altura da troika”, recorda, defendendo que "já houve tempo para restabelecer valores que fossem suficientemente atrativos para que os médicos possam continuar a fazer horas”.

“Continuo a pensar que não temos médicos a menos, estão é mal distribuídos”, reforça o cirurgião de Coimbra.

"Tudo tem a ver com os ganhos que as pessoas pensam que têm num lado e no outro e, infelizmente, a medicina não está isenta deste aspeto comercial."

Nesta entrevista conjunta à Renascença e à Agência Ecclesia, o médico, que deixou o SNS em 2018 quando completou 70 anos, não deposita grande esperança na reunião prevista para esta quinta-feira entre o ministro da Saúde e os médicos.

“Ouvimos o senhor ministro a dizer que tem muita esperança na reunião que vão ter e eu não tenho a certeza que ele tenha propostas suficientes para convencer o outro lado, o lado dos médicos e das instituições que os representam, de que também devem ceder”, remata.

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  • Maria
    21 out, 2023 Porto 20:55
    Os médicos estão tão cansados, que vão "descansar" para os hospitais privados, onde fazem mais duas ou três tardes por semana ...
  • Jose Gomes da Costa
    15 out, 2023 Lisboa 18:46
    o Estado sempre "roubou" no valor das horas extraordinárias. Fiz emquanto no activo uma média de sete dias de 24 horas por mês: todas as segundas feiras ( 4 ou 5 cada mês) e um ou dois Sábados por mês e um Domingo de 6 em 6 semanas ( e continuavamos na 2a ! ) Com todo o zrespeito e Consideração que tenho pele Professor Manuel Antunes e sua obra pioneira estou em prundo desacordo com ele. Dêem aos Medicos actuais o que eu sempre sonhei : remuneração condigna, horario justo e sobretudo possibilidafes de EVOLUIR E APRENDER E ESTUDAR e terão o S N S CHEIO , com Médicos motivados e prestigiados após Concursos Publicos a sério ( quem se lembra do prestígio de ser Cirurgião dos Civis? ) É nos Hospitais do Estado que se aprende e progride e isso para mim é o mais importante na Medicina !
  • Carlos Viegas
    15 out, 2023 Coimbra 13:21
    Quem não conhece a “obra” do Dr. Manuel Antunes que se abstenha de fazer comentários ao seu trabalho. O Dr. M. A. Com a sua vasta equipe, salvou centenas de vidas, transmitiu aos mais novos os seus conhecimentos e isso não tem preço. Alguns privilegiados ( desportistas, banqueiros, administradores, vigaristas da alta finança, traficantes, etc.) ganham milhares de vezes o que este Sr. ganhava e o que trazem à sociedade? Fome, miséria, vícios, corrupção, uma sociedade doente, deprimida e sem horizontes. Tenham vergonha. Ao menos tenham o cuidado de pensar, antes de dar uma opinião sobre as pessoas que não conhecem. O SNS precisa duma revolução? Sim! O estado, leia-se governo, tem sido incapaz de resolver problemas? Sim! Os Ministros da Saúde e altos mandatários tem sido incompetentes? SIM!!! VAMOS MUDAR ISTO??? Viva o SNS
  • Socrates
    15 out, 2023 Coimbra 10:47
    Só ficou uma pergunta por fazer… e quanto é que o Sôtor ganhava por mês? 🤔😅
  • Maria
    13 out, 2023 Leiria 20:30
    O meu marido faz 12, 15 e mais horas por dia e infelizmente ganha 8h. As desigualdades infelizmente continuam. Boas negociações e esperamos que tudo se resolva e que sejam profissionais e que o façam com amor á profissão.
  • maria
    12 out, 2023 maria 17:09
    Há muitos médicos, e são mesmo muitos, que já fazem muitas horas a mais sem que sejam pagas; portanto, no contexto em que estamos, não compreendo este argumento da mei-hora por dia. E bem sabemos que a média é muito enganadora, não espelha o que se passa no terreno. Não sou médica, mas acho que a grande maioria dos médicos tem razão.
  • António Campos
    12 out, 2023 Casal de São João 07:39
    Gostava de saber quantas urgências fez este médico que está reformado e que teve sempre um contrato especial onde auferia muito acima dos seus colegas. Gostava de saber se está também contra o aumento superior que vai receber relativamente aos seus colegas do ativo. Gostava que lhe perguntassem porque nunca fez escola e não ensinou nada, tendo o seu serviço perdido idoneidade quando ele abandonou. E gostava de saber porque anda a trabalhar em empresas privadas de saúde e não se oferece para fazer algumas horas nos hospitais públicos, uma vez que 12 horas/semana não será assim tanto tempo e seria um exemplo. Infelizmente, é por este tipo de exemplo que as gerações novas se não revêm nos mais velhos. Obrigado. Cumprimentos.

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