13 out, 2023 - 06:59 • Olímpia Mairos , Ana Rita Borda de Água , Ana Rita Borda de Água, com Lusa
Um bebé está entre os 12 feridos registado nos incêndios na Madeira, que lavra desde quarta-feira e tem, nesta altura, quatro frentes ativas.
Jorge Mendes, responsável pelo Centro de Análise e Acompanhamento da Situação Nacional da Liga dos Bombeiros, disse à Renascença, que das quatro frentes “as mais graves e preocupantes as dos concelhos de Carreta e Porto Moniz”.
Estes dois concelhos ativaram esta quinta-feira planos de emergência e Proteção Civil.
Esta sexta-feira, é esperado o reforço de 60 operacionais da Autoridade Nacional da Proteção Civil. Na parte da manhã, chegarão à Madeira 33 operacionais e na parte da tarde 27.
“Sabemos que foi uma noite complicada, uma noite difícil. Os incêndios mantêm-se em curso. As situações mais complexas são em Porto Moniz e Calheta”, disse Patrícia Gaspar cerca das 7h30 em declarações à RTP no aeródromo de Figo Maduro, em Lisboa, para acompanhar a partida do contingente para a Madeira.
A secretária de Estado lembrou que em articulação com as autoridades da Madeira, foi decidido acionar um contingente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil [ANEPC], da Força Especial de Proteção Civil e do Instituto Nacional de Emergência Médica [INEM] para a Madeira.
Patrícia Gaspar adiantou que os 64 operacionais que partem hoje de manhã para a ilha da Madeira num avião da Força Aérea têm como principal missão apoiar as autoridades locais no combate aos incêndios.
“É uma força especializada com capacidade sobretudo com intervenção com ferramentas manuais, para trabalho no terreno. Sabemos que os incêndios estão a ocorrer em zonas de acesso difícil, em zonas de orografia muito acentuada, que requerem um trabalho mais especializado e esta é uma das competências principais desta força”, realçou.
A Força, chefiada pelo Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil de Coimbra, Carlos Tavares, integra 64 Operacionais, dos quais 54 Bombeiros da Força Especial de Proteção Civil, seis elementos da estrutura de Comando da ANEPC e quatro elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica.
A zona florestal do concelho da Calheta, na Madeira, está a ser consumida pelas chamas enquanto os meios de socorro estão concentrados na zona habitacional, onde já há um desalojado e duas casas ardidas, revelou esta sexta-feira o presidente da Câmara.
“Continuamos com muitos incêndios. A zona florestal, na parte mais alta do concelho, continua a ser consumida pelas chamas. A nossa prioridade tem de ser a zona habitacional, portanto a zona florestal está a ser consumida. A verdade é esta”, disse Carlos Teles à agência Lusa.
O autarca apontou que o fogo que lavra há vários dias em vários concelhos da Madeira consumiu duas casas na Ponta do Pargo, uma habitada e uma segunda devoluta.
O autarca contou que as freguesias da Ponta do Pargo e a dos Prazeres tiveram uma noite “muito complicada”, mas que “agora a grande preocupação” está numa zona florestal do Pargo, na zona do Vazadouro porque existe o perigo do fogo passar para o Estreito da Calheta.
“Seria muito mau porque a freguesia do Estreito da Calheta ainda está a ser poupada, não tem incêndios”, disse.
Outras zonas de preocupação são a do Precipício e a dos Falcões (freguesia de Fajã da Ovelha) porque têm uma frente de fogo ativa e, durante a noite, o fogo reacendeu no sítio das Forneças na freguesia do Arco da Calheta, um local onde o incêndio já tinha entrado em fase de vigilância.
“Infelizmente o vento reacendeu o fogo e voltamos a ter mais esta preocupação, mobilizando mais duas equipas para lá”, disse o autarca.
Carlos Teles saudou a ajuda do Continente e disse compreender que os meios tenham de ser “muito bem geridos porque todos precisam”.
“Há um meio aéreo que durante o dia vai voar, mas temos consciência de que outros concelhos também precisam. Temos o pessoal muito exausto. Já vamos no quarto dia de combate a incêndios e não tem sido fácil. A boa notícia é a ajuda de corporações do Continente. A ajuda é muito bem-vinda. A zona florestal continua a ser uma zona de muita preocupação”, concluiu.
A Câmara da Calheta montou uma base no pavilhão gimnodesportivo dos Prazeres com comida, águas e colchões.
[notícia atualizada às 9h15]