13 out, 2023 - 16:52 • Cristina Nascimento
A realidade do sistema científico é “dramática” e é preciso “investimento concreto” do Estado. O apelo é de Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, coordenadora de um livro sobre o estado do setor que será lançado na próxima semana.
Em declarações à Renascença, a antiga ministra da Educação denuncia a regressão de investimento na última década, onde inclui os oito anos de governação de António Costa, e um caminho que tem sido feito de “ilusões atrás de ilusões”.
“Não é bom caminho este de um ano há concurso de projetos, no outro ano não há; promete-se aos investigadores que vão ter contratos por tempo indeterminado e depois não se criam condições para que tenham. É um caminho de criar ilusões atrás de ilusões”, critica Maria de Lurdes Rodrigues.
A reitora do ISCTE considera que “o sistema científico e o conhecimento precisam de investimento concreto. Precisa de investigadores com carreira, precisa de instituições sólidas estáveis, previsíveis, com financiamento previsível”, defende.
Coordenadora do livro “O Futuro da Ciência e da Universidade”, Maria de Lurdes Rodrigues considera que é altura para “parar e pensar e definir novos objetivos e novos desígnios que só podem ser o do crescimento da ciência”.
A reitora do ISCTE reconhece que o impacto da “troika” ainda se faz sentir no setor e que é preciso "vontade política" para abrir uma nova era.
“Já lá vão muitos anos. Era preciso olhar para o sistema científico com outros olhos, com mais atenção e com objetivos explícitos de valorização do sistema científico”, defende, acrescentando que a “desvalorização do investimento na ciência” a que se assistiu na última década, pode comprometer, “a prazo” quer o sistema científico, quer “a possibilidade do desenvolvimento da economia”.
Sobre a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2024, Maria de Lurdes Rodrigues considera que o capítulo dedicado ao setor de Ciência “não é muito desenvolvido, nem muito pormenorizado”, entendendo que tal pode significar que “há margem para negociar” e “introduzir alterações”.
“O Futuro da Ciência e da Universidade”, livro coordenado por Maria de Luredes Rodrigues, vai ser lançado no próximo dia 19 de outubro.