17 out, 2023 - 12:03 • Olímpia Mairos
Preocupante. É desta forma que Manuel Pizarro descreve a situação atual vivida em vários hospitais do país.
Em declarações, na última hora, aos jornalistas, em Olhão, o ministro da Saúde reconheceu que a falta de médicos obriga a uma avaliação e reorganização caso a caso.
“Nós precisamos da capacidade de resposta de todo o SNS”, disse o governante, admitindo que “desse ponto de vista é, evidentemente, preocupante que haja circunstâncias em que nem toda a capacidade de resposta pode estar disponível, porque os meus colegas, os médicos, não estão disponíveis para fazer mais do que aquelas horas extraordinárias a que são obrigados”.
Salvaguardando que é preciso respeitar o “direito legal”, Manuel Pizarro considera que é necessário “organizar os serviços o melhor possível”.
Segundo o ministro, “nalguns casos, o funcionamento em rede permite uma boa resposta. Noutros casos, temos que encontrar hospital a hospital soluções que permitam mitigar os efeitos dessa decisão, que é uma decisão legítima das pessoas que a tomarem”.
Manuel Pizarro em visita esta manhã à nova Unidade de Saúde Familiar em Olhão disse ainda esperar que as negociações entre o ministério e os médicos chegue a bom porto.
Em declaração esta manhã à Renascença, a dirigente da Fnam Tânia Russo alertava para um previsível cenário de complicação nos hospitais portugueses já a partir do próximo mês, responsabilizando o Governo pelo que pode vir a acontecer.
“A Fnam vê com muita preocupação os próximos meses, nomeadamente até final deste ano, porque muitos colegas que entregaram as minutas fizeram-no com efeitos a partir de dia 1 de novembro”, disse a médica Tânia Russo, lembrando que “estamos a entrar na época em que há mais doenças respiratórias, em que há mais afluência às urgências e tememos o impacto que isso possa ter”.
“A responsabilidade é única e exclusivamente do Governo”, sinalizou.
Os médicos iniciaram às 00h00 desta terça-feira dois dias de greve e vão manifestar-se à tarde em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, para que “a defesa da carreira médica e do SNS sejam uma realidade”.
A greve acontece cinco das depois de uma reunião com o Ministério da Saúde e nas vésperas de uma nova ronda negocial que começa na quinta-feira.
Para os médicos a proposta do ministro da Saúde de 500 euros para os profissionais que fazem urgência não é suficiente.
“O problema não é o bónus de 500 euros para quem faz urgência, o problema é o salário, que continua baixo e que o Governo teima em não dar um aumento que seja condigno. E, portanto, continua a empurrar-nos para uma situação em que temos de fazer muitas horas extra para podermos compor o salário”, disse.