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Vinte por cento dos portugueses em risco de pobreza

17 out, 2023 - 09:04 • Henrique Cunha

Relatório Pobreza e Exclusão Social em Portugal 2023 revela que um em cada cinco residentes em Portugal estava em risco de Pobreza ou Exclusão Social (PES), no ano passado. Os números não diferem da realidade de 2021.

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Cerca de dois em cada dez portugueses estão ou em situação de risco de pobreza (com um rendimento inferior a 551€ mensais) ou em privação material e social severa ou vivem em agregados onde se trabalhou em média menos de 20% do tempo de trabalho potencial (intensidade laboral muito reduzida).

O documento do Observatório Nacional de Luta Contra a Pobreza da EAPN Portugal / Rede Europeia Anti-Pobreza, analisa dados de 2022, pelo que a organização chama a atenção para o facto de o Relatório ainda não fazer refletir o momento atual marcado pelo aumento da inflação e do custo de vida.

“Os dados deste relatório não olham para o momento atual e não conseguem espelhar o aumento do custo de vida. Há um empobrecimento da população causado pelo aumento do custo de vida e das taxas de juros que é invisível nos dados oficiais”, pode ler-se no documento a que a Renascença teve acesso.

O Relatório deixa um outro importante alerta: “quanto menor o rendimento do agregado familiar, maior será o peso que os custos com habitação, com energia e com alimentação terão no orçamento familiar”.

No Relatório, a organização destaca ainda que “desde 2015 que o perfil dos grupos mais vulneráveis ao risco de pobreza ou exclusão social pouco ou nada se alterou”, e adianta que em 2022, permanecem como grupos mais vulneráveis os desempregados (60.1%), seguidos de outras pessoas fora do mercado de trabalho.

As mulheres e as famílias com filhos, nomeadamente as famílias monoparentais e as numerosas, são as que acumulam um maior risco de pobreza ou exclusão social e maior risco de pobreza monetária.

Outro grupo que merece destaque é o dos desempregados, com 60.1% dos desempregados em risco de pobreza ou exclusão social.

A organização refere, também, a vulnerabilidade da população empregada. Segundo o inquérito do ano passado 12.2% dos trabalhadores estavam em risco de pobreza ou exclusão social e 10.3% em risco de pobreza monetária. Portugal é o 7.º da União Europeia com maior vulnerabilidade dos trabalhadores nestes dois indicadores.

Neste contexto, a Rede Europeia Anti-Pobreza encara o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza com “um misto de esperança e preocupação”. “Por muito que os números oficiais nos digam que a taxa de risco de pobreza não aumentou sabemos que a situação nacional não é otimista”, refere a organização. Para a EAPN Portugal “medidas como o aumento do salário mínimo nacional, apesar de relevantes, não permitem fazer face às despesas mais básicas das famílias, contribuindo assim para o agravamento do número de trabalhadores pobres que existe em Portugal”.

“A pobreza e a exclusão social são uma negação dos direitos humanos, como o Parlamento expressamente reconheceu em 2008. Assim, é urgente aproveitar a oportunidade que Portugal tem neste momento com a aprovação da Estratégia Nacional de Combate à Pobreza e com todos os financiamentos que se encontram disponíveis por via do Plano de Recuperação e Resiliência e do Portugal 2030”, sublinha a EAPN Portugal.

Comentários
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  • Americo
    17 out, 2023 Leiria 11:34
    Bom dia. "Obrigado" a António Costa.

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