20 out, 2023 - 12:15 • André Rodrigues
A dor crónica absorve mais de 3,6 mil milhões de euros por ano, o correspondente a 1,7% do Produto Interno Bruto.
Os cálculos são da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), com base nos mais recentes dados relativos ao PIB de 2021.
Em declarações à Renascença, Filipe Antunes, médico especialista em reabilitação física e presidente da APED, explica que a dor crónica "é a doença crónica mais prevalente em Portugal, afetando cerca de um em cada três portugueses e os dados mostram que tem vindo a aumentar".
Por outro lado, o presidente da APED lembra que a dor crónica é um dos principais fatores associados ao absentismo laboral, sendo que a projeção mais recente, calculada a partir do Produto Interno Bruto de 2021, aponta "custos diretos e indiretos da ordem de 1,7% do PIB daquela altura".
"Como a situação se manteve em termos de prevalência nos dados publicados em 2021, prevê-se um custo semelhante", acrescenta.
Por outro lado, Filipe Antunes reconhece que o caráter prolongado da terapêutica da dor representa uma dificuldade no acesso aos tratamentos: "há muitas consultas de utentes que se prolongam no tempo, porque são crónicos, e porque há poucas entradas de novos pacientes".
Como se reverte esta tendência? Este especialista defende que tem tudo a ver com estilo de vida e "providenciar condições de vida que evitem a cronificação da dor, desde logo com a promoção de estilos de vida saudáveis, flexibilidade de cargas horárias de trabalho, tempo disponível para exercício e descanso, para que cada pessoa se possa ajustar e não andar sob o stress do dia a dia".
Caso contrário, a consequência poderá ser um quadro "ansiedade e depressão, que são dois aspetos sempre associados à dor crónica", adverte o presidente da APED.