27 out, 2023 - 12:11 • Lusa
O coordenador da Frente Comum afirmou esta sexta-feira que a greve na função pública está a ser a “uma das maiores” dos últimos anos, com adesão em “todos os setores”, antecipando que o dia será “demonstrativo da força dos trabalhadores”.
“Estamos perante uma das maiores greves dos trabalhadores da administração pública, central, regional e local, de alguns anos a esta parte”, afirmou Sebastião Santana, em declarações aos jornalistas, junto da Escola Básica e Secundária Passos Manuel, em Lisboa.
Sebastião Santana disse estar a haver uma “adesão [à greve] muito forte em todo o país”, apesar de ainda não conseguir indicar números concretos, alegando que “os trabalhadores se reveem nas propostas da Frente Comum”.
“Nós continuamos a não aceitar que o Governo continue a atirar muitos milhares de milhões de euros para cima de setores que já são sobrefinanciados pelo Orçamento do Estado e se esqueça de quem assegura os serviços públicos e do reforço das funções sociais do Estado”, sublinhou.
Questionado se, dada a adesão à greve, considera que o Governo vai ter de ceder, o coordenador da Frente Comum respondeu que o executivo “tem sido intransigente” e referiu que, apesar de, no início da maioria absoluta, ter afirmado que iria ser dialogante, “esse diálogo não tem acontecido até hoje de forma efetiva”.
“O Governo tem condições para alterar isto. A luta dos trabalhadores não vai ser menos intransigente do que o Governo se quer continuar a manter os trabalhadores a empobrecer e os serviços públicos a degradarem-se”, disse.
Interrogado sobre os próximos passos que os sindicatos pretendem dar, Sebastião Santana respondeu que o dia de hoje “vai ser demonstrativo da força dos trabalhadores da administração pública”, mas previu que a “luta não vai parar por aqui”.
“Se for necessário voltarmos à greve, voltaremos à greve, se for necessário virmos para a rua, viremos para a rua. Os trabalhadores, como hoje está demonstrado em todo o país, não têm medo nenhum do confronto com o Governo e da luta”, disse.
Em declarações aos jornalistas, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, considerou que a adesão à greve mostra que os trabalhadores “não baixam os braços perante as injustiças que estão a ser cometidas, perante os baixos salários e esta situação de empobrecer a trabalhar”.
“Os trabalhadores estão conscientes que é preciso fazer alguma coisa e exigir que o Governo altere as suas opções”, disse, criticando a proposta de Orçamento do Estado para 2024, que disse transferir “verbas imensas” para os “mesmos de sempre”.
Questionada se acha que esta mobilização vai forçar o Governo a ceder, Camarinha respondeu que “tem sido sempre com a luta que os trabalhadores têm conseguido alcançar resultados”.
“Está na mão do Governo e do patronato ver que não podem ter lágrimas de crocodilo a dizer que não conseguem contratar trabalhadores, e continuar a pagar baixos salários. (…) Parem com as lágrimas de crocodilo, e ajam, façam o que têm de fazer”, disse. defendendo um aumento geral de 15% de todos os salários, com um mínimo de 150 euros.
A Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública (da CGTP) anunciou em 09 de outubro a greve nacional de trabalhadores que hoje decorre, considerando que a proposta do Governo de aumentos salariais para 2024 "é miserabilista".
Para o próximo ano está previsto um aumento salarial mínimo de 52 euros ou de 3% para os trabalhadores da administração pública.
A Frente Comum reivindica um aumento dos salários em pelo menos 15%, com um mínimo de 150 euros por trabalhador, para fazer face ao "brutal aumento do custo de vida".