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Crise no SNS

Quase 40 hospitais com cerca de 90% dos serviços indisponíveis, assegura "Médicos em Luta"

01 nov, 2023 - 14:38 • Lusa

Movimento "Mèdicos em Luta" explica que a situação deve-se à falta de médicos para assegurar as escalas. A lista "online" está discriminada pelo nome das unidades hospitalares e das especialidades que estão mais afetadas.

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Um total de 38 unidades hospitalares está com cerca de 90% dos seus serviços indisponíveis devido falta de médicos para assegurar as escalas, segundo os mais recentes dados divulgados esta quarta-feira pelo movimento "Médicos em Luta".

Em declarações à agência Lusa, a porta-voz do movimento "Médicos em Luta", Susana Costa, disse que a lista é praticamente atualizada todos os dias e as informações sobre o impacto nos hospitais são facultadas pelos médicos.

"(...) Num serviço em que haja 20 médicos que façam trabalho extraordinário, se 50% desses médicos colocarem a minuta [de indisponibilidade para horário suplementar], a repercussão que vamos ter nas equipas tem a ver com o número de horas extraordinárias a que estes médicos estão vinculados. Se eles só fizerem seis ou 12 [horas] por semana tem um impacto, se fizerem 24 horas extraordinárias por semana tem outro", salientou Susana Costa.

Ainda assim, ressalvou que "quem tem o conhecimento exato destes números e do (...) impacto" que as escusas têm nos serviços são as administrações.

A lista "online" está discriminada pelo nome das unidades hospitalares e das especialidades que estão mais afetadas.

Segundo os dados dos "Médicos em Luta", Garcia de Orta (Almada), Amadora-Sintra, Aveiro, Barcelos, Barreiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Caldas da Rainha e Torres Vedras, Coimbra, Leiria, Covilhã, Évora, Famalicão e Santo Tirso, Faro, Figueira da Foz, Vila Nova de Gaia, Guimarães, Guarda, Leiria, Centro Hospitalar de Lisboa Central, Santa Maria (Lisboa), São Francisco Xavier (Lisboa), Beatriz Ângelo - Loures, Matosinhos, Penafiel, Portalegre e Elvas, Portimão, São João (Porto), Santo António (Porto), Póvoa de Varzim, Santa Maria da Feira, Santarém, Setúbal, Viana do Castelo e Ponte de Lima, Vila Franca de Xira, Vila Real-Chaves-Lamego e Viseu serão os mais afetados.

Até ao momento, foram contabilizados 19 serviços em que 100% dos médicos pediram escusa, como - entre outros - os casos das unidades hospitalares de Santa Maria da Feira, em ortopedia, Viana do Castelo e Ponte de Lima, em cirurgia geral, Garcia de Orta, em Pediatria e Neurologia, Guimarães, em obstetrícia, e Barcelos e Caldas da Rainha, em cirurgia geral.

Também 25 de 55 agrupamentos de centros de saúde (ACES) estão a sentir os efeitos do protesto às horas extraordinárias.

Na zona Norte estarão a ser afetados 15 ACES, enquanto no Centro três e no Alentejo um. Em Lisboa, serão seis os ACES a sofrer com o impacto da falta de médicos.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) revelou hoje que médicos e Governo não chegaram a acordo sobre os aumentos salariais, mas consolidaram os avanços negociais em outras matérias, como férias e tempo de trabalho no serviço de urgência.

No final de uma nova ronda negocial entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam), que começou na quarta-feira ao final da tarde e terminou pelas 00:00 de hoje, o secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, garantiu que "há uma grande vontade de chegar a acordo" sobre as questões salariais.

As negociações entre o Ministério da Saúde e o SIM e a Fnam iniciaram-se em 2022, mas a falta de acordo tem agudizado a luta dos médicos, com greves e declarações de escusa ao trabalho extraordinário além das 150 horas anuais obrigatórias, o que tem provocado constrangimentos e fecho de serviços de urgência em hospitais de todo o país.

Évora e Centro Hospitalar Barreiro Montijo entre os afetados

O Serviço de Urgência Pediátrica do hospital de Évora vai funcionar com uma equipa reduzida, constituída por dois médicos, durante o período da noite e madrugada, desde esta quarta-feira até sexta-feira, revelou a unidade hospitalar.

Já a urgência pediátrica do Centro Hospitalar Barreiro Montijo (CHBM) vai estar encerrada entre as 09h00 de quinta-feira e as 09h00 de segunda-feira, segundo a unidade hospitalar.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) anunciou que apenas "serão assistidos os doentes que sejam referenciados pelo CODU/INEM, pela Linha de Saúde 24 ou por outros médicos".
O que significa que, para serem atendidos no Serviço de Urgência Pediátrica do HESE, desde hoje e até sexta-feira, no período noturno, entre as 21:00 e as 09:00, é necessário que os utentes passem por essa pré-triagem.
Durante o período em que a urgência pediátrica vai ter equipa reduzida, o serviço "continuará a funcionar para garantir a resposta às situações urgentes e emergentes", destacou o HESE.
O aviso aos utentes publicado pelo CHBM, na sua página no Facebook, adianta que, se necessário, podem recorrer à urgência do Hospital de São Bernardo, em Setúbal, e do Hospital Garcia de Orta, em Almada.
Contudo, o Hospital de Almada anunciou, na segunda-feira, que a sua urgência pediátrica vai estar encerrada, a partir de hoje, no período noturno, entre as 20:00 e as 08:00.
Em comunicado, o Hospital Garcia de Orta explicou que o encerramento noturno da urgência pediátrica resulta da incapacidade de assegurar as correspondentes escalas médicas, após entrega de declarações de indisponibilidade para realização de trabalho extraordinário para além do limite legalmente previsto.

O atendimento diurno, adianta a unidade hospitalar, mantém-se todos os dias da semana, incluindo sábados e domingos, e a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e Pediátricos continuará a funcionar ininterruptamente.

[notícia atualizada às 16h10]

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