07 nov, 2023 - 11:13 • Miguel Marques Ribeiro , Liliana Monteiro , Olímpia Mairos
Armando Pinto, da associação Montalegre Com Vida, defendeu esta segunda-feira que a população estranhou desde o início o "empenho fora do normal" dos responsáveis políticos para que o projeto das minas de exploração de lítio em Montalegre avançasse.
Em declarações à Renascença, depois de o ministro das Infraestruturas, João Galamba, ter sido constituído arguido, o responsável diz que o assunto "devia ser bem estudado" e a população "bem informada". Pelo contrário, ao longo do processo, assistiu-se a um "empurrar das situações" e houve etapas que foram passadas "à frente".
Armando Pinto acrescenta que a avaliação do projeto foi feita "de forma pouco transparente”.
O dirigente comentava as buscas desta terça-feira relacionadas com um processo que envolve o ministro das Infraestruturas, João Galamba, o ex-ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e o empresário Diogo Lacerda Machado.
O ano de arranque da exploração de lítio em Montalegre, a cargo da empresa Lusorecursos, está marcado para 2027, envolvendo um investimento de cerca de 650 milhões de euros.
No entanto, o projeto foi contestado desde o início, logo que foi feito o anúncio governamental.
A população expôs sempre muitas dúvidas sobre os impactos da exploração na comunidade. Em particular, manifestou receios sobre as consequências no ambiente, saúde, água e agricultura.
A região do Barroso é classificada como património agrícola mundial pela FAO, a organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura.
Para além de Montalegre, estão também previstos projetos de exploração de lítio em Boticas, um concelho situado na mesma região.
Em setembro, a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso manifestou a sua oposição à implementação dos projetos mineiros.