15 nov, 2023 - 12:00 • Redação
“Se nada for feito, o Serviço Nacional de Saúde vai deteriorar-se ainda mais”. O aviso é feito pela presidente da Federanção Nacional dos Médicos (FNAM), Joana Bordalo e Sá.
À Renascença, a dirigente sindical lembra que, face à crise política, o Ministério da Saúde desmarcou as negociações com os médicos e ainda não marcou uma nova data. De acordo com Joana Bordalo e Sá, este não é o caso de outros ministérios, como o da Administração Interna, onde o trabalho prossegue.
A presidente da FNAM vê nisto um sinal de desprezo de Manuel Pizarro pelos utentes e o SNS, pelo que é "fundamental” que as negociações voltem.
“É necessária uma resposta porque os médicos vão continuar a rescindir, a ir para o setor privado, a emigrar, e não é isto que se pretende do Serviço Nacional de Saúde”, reforça Joana Bordalo e Sá.
“Não há falta de médicos em Portugal, há falta de médicos no SNS."
Nestas declarações à Renascença, a presidente da FNAM afirma que, com o estado atual do SNS, “os nossos jovens não conseguem ter uma perspectiva de carreira, de futuro, e que seja possível conciliar com a sua vida pessoal.”
Questionada sobre se os médicos aguentam mais quatro meses, até à formação de um novo governo, a responsável assegura: “Quem não aguenta mais quatro meses é o SNS. O número de rescições vai certamente aumentar.”
Esta quarta-feira cumpre-se o segundo dia da greve dos médicos convocada pela FNAM. Joana Bordalo e Sá avança que milhares de consultas e cirurgias foram canceladas e que a adesão é de 85%, número que não corresponde ao avançado pelo Ministério da Saúde, que aponta para 26.7%.
Esta sexta-feira, a FNAM reunirá, em Bruxelas, com eurodeputados e a Comissária da Saúde, Stella Kyriakides, a quem pretendem retratar o cenário da saúde em Portugal, entregar um manifesto internacional na defesa da saúde pública - assinado também por Espanha -, e apresentar a atualização da tabela salarial e a renegociação de carreira - soluções que propõem para aumentar o número de médicos no SNS.