20 nov, 2023 - 15:26 • Lusa
O diretor clínico do hospital Santa Maria, em Lisboa, Rui Tato Marinho, reconheceu esta segunda-feira que o hospital tem 50 doentes "muito complexos" que não consegue internar por falta de camas e outros 50, já com alta, para os quais não encontrou ainda resposta social.
"Temos vários doentes para internamento. Talvez uns 50, que são doentes muito complexos, pessoas com muita idade e que necessitam de muitos exames complementares, muitas vezes de observação por vários especialistas. São maioritariamente pulseiras amarelas e laranja", disse Rui Tato Marinho, em declarações aos jornalistas, junto ao hospital.
"Também temos cerca de 50 casos, neste momento, de pessoas que já têm alta do ponto de vista médico, mas para os quais ainda não encontramos resposta do ponto de vista social", acrescentou.
Rui Tato Marinho lembrou que quando a temperatura baixa começam a aparecer infeções respiratórias e sublinha que a população portuguesa é "muito frágil e muito idosa". "Somos dos países do mundo que mais pessoas de idade tem", acrescentou.
O responsável disse ainda que as equipas do Hospital Santa Maria se estão a preparar para um acréscimo de afluência por causa da vaga de frio. "Estamo-nos a preparar para isso, a falar com as equipas, com os serviços que mais internamentos gerem".
Rui Tato Marinho salientou que a realização de mais horas extra pelos médicos "é um tema que está em cima da mesa" e lembrou que alguns médicos, "apesar de terem posto o papel [escusa de horas extra além das 150 por ano], estão dispostos a trabalhar".
"Neste momento temos muitos médicos a fazerem muitas horas extra, independentemente daquela questão das 150 horas", acrescentou.
Sobre as negociações agendadas para esta quinta-feira com o ministério da Saúde, Rui Tato Marinho disse esperar que "as coisas se resolvam, para bem de todos".
Questionado sobre as eventuais dificuldades acrescidas no período do Natal e da passagem de ano, Rui Tato Marinho contou já estar a fazer escalas para dezembro. "O problema das férias dos médicos não é um problema, pois há muitos anos que trabalhamos com esse fator e estamos preparados para o que der e vier".
O diretor clínico lembrou que o hospital tem muitos doentes que são fora da área de residência, pois Santa Maria é um hospital "de fim de linha", e disse que "dentro do possível" vão tentar "alocar esses doentes à sua área de residência".
"Como também há a ideia de que o Santa Maria está sempre aberto, que é um grande hospital e que é o fim de linha, há uma tendência para nos mandarem muitos doentes. Mas estamos a trabalhar em rede com outros hospitais, que também estão em situação difícil, e todos nos tentamos ajudar uns aos outros para que as coisas corram bem", afirmou.
Rui Tato Marinho apelou ainda aos doentes para evitarem ir para as urgências hospitalares, procurando, ao invés, os serviços dos centros de saúde e lembrando que há muitos na zona de Lisboa abertos até às 20h00.