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Plano de Recuperação e Resiliência

"Estamos a testar um conceito que pode revolucionar a Marinha"

24 nov, 2023 - 13:01 • João Cunha

Portugal assinou contrato para a construção da Plataforma Naval Multifuncional, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência e que deverá estar pronta no primeiro semestre de 2026.

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É um navio científico, que será uma espécie de base em alto-mar, com laboratórios científicos, alojamento para 90 pessoas em permanência e outras 100, se necessário por exemplo numa situação de evacuação de emergência. Tem rampas para embarque e desembarque de viaturas, heliporto, pistas para drones aéreos, uma baía para drones submarinos e lanchas, gruas diversas para içar material de investigação e pode ser utilizado em operações de emergência, vigilância, investigação científica e tecnológica, assim como monitorização ambiental e meteorológica.

Para o primeiro-ministro, que acompanhou a cerimónia de assinatura do contrato com os estaleiros holandeses da Damen, o NRP D. João II - assim foi batizado - é uma grande oportunidade para se alavancar o conhecimento e a investigação na área do mar, produzindo-se recursos que sejam valorizados através da economia azul".

A Plataforma Naval Multifuncional, cujo conceito foi desenvolvido pelo almirante Henrique Gouveia e Melo, Chefe de Estado Maior da Armada, é um projeto financiado pelo PRR no valor de 94,5 milhões de euros e com verbas estatais correspondentes a 37,5 milhões, desenvolvendo-se o investimento por fases até 2026.


"Um investimento inteligente na resiliência do país". Helena Carreiras, Ministra da Defesa

Helena Carreiras, a Ministra da Defesa, considera que se trata de "um investimento inteligente na resiliência do país e numa defesa mais pronta e eficaz". Mas referiu que é também uma expressão de uma nova visão, de uma mudança de paradigma, da determinação "de quem insiste em transformar problemas em oportunidades, de quem valoriza a inovação e o progresso, apostando no futuro com risco e coragem".

Por seu lado, António Costa sublinhou, no seu discurso, que "a Marinha tem estado sempre na vanguarda", enaltecendo a sua importância em missões de busca e salvamento, a sua atuação em emergência e no apoio aos órgãos de polícia criminal. O primeiro-ministro sustentou ainda que a Marinha é "um grande centro produção de conhecimento, de investigação e de desenvolvimento tecnológico".

A assinatura do contrato "materializa a visão de desenvolver uma Marinha holística, tecnicamente avançada, disruptiva e robotizada, com capacidade para promover os interesses de Portugal no e através do mar", referiu Gouveia e Melo, Chefe de Estado Maior da Armada, que adiantou depois ao primeiro-ministro e à Ministra da Defesa que se está a testar "um conceito que pode revolucionar a Marinha".


"Nós vemos que no futuro, provavelmente, as fragatas não são necessárias". Almirante Gouveia e Melo

"Nós vemos que no futuro, provavelmente, as fragatas não são necessárias. São é precisos outros tipos de navios, mais modulares e flexíveis, que havendo necessidade de os utilizar na função militar, ainda são mais capazes do que as fragatas, que são muito mais especializadas", referia o Chefe de Estado Maior da Armada.

"Mesmo não sendo um navio combatente", salientava Gouveia e Melo, "terá um impacto genético, estrutural e operacional superior ao verificado em 1991, quando as fragatas da classe Vasco da Gama foram adicionadas ao efetivo da Armada".

Porque nesta nova unidade naval, "vão coexistir marinheiros de carbono, que são os humanos, e marinheiros de silício, que são os robots, numa nova combinação fortemente sinergética".

A indústria, a academia e a ciência terão neste projeto a possibilidade de desenvolver um modelo de navios de menor custo, que possa vir a substituir, com vantagem e maior flexibilidade, as atuais fragatas.

"Que águas safas e ventos de feição acompanhem este projeto", como desejou o primeiro-ministro, no final desta cerimónia.

Comentários
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  • Digo
    24 nov, 2023 Eu 14:28
    Não se percebe muito bem que tipos de navios serão esses que num futuro vão "substituir" as fragatas com vantagens económicas e militares. Nenhuma Marinha Europeia abateu as fragatas, pelo contrário, modernizaram-nas ou construiram novas. Abater as fragatas por cá, pode ser por não haver "massa" para adquirir outras. Por elas deixarem de ser úteis, é uma "estória" da Carochinha.
  • Cidadao
    24 nov, 2023 Lisboa 13:50
    Saúdo sempre a aquisição de meios tanto para a Marinha como para outros ramos, principalmente quando livres de suspeitas de roubos e corrupção a todos os níveis. Agora quanto a ser um "investimento na Defesa" como diz a ainda ministra da Defesa, isso só se for uma Defesa não militar, pois o navio está desarmado e como disseram é um navio científico. Claro que pode ser readaptado em caso de necessidade, para combater. Mas como não foi feito para isso, será sempre um meio vulnerável. Mas claro, é melhor que nada ter.

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