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Gaza. Refém com cidadania portuguesa entre os libertados

24 nov, 2023 - 16:52 • Catarina Santos , Daniela Espírito Santo

Adina Moshe, de 72 anos, foi raptada a 7 de outubro do kibbutz de Nir Oz, depois de ver o seu marido ser assassinado pelo Hamas.

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Uma das reféns libertadas esta sexta-feira tem cidadania israelita e portuguesa. Trata-se de Adina Moshe, de 72 anos, sabe a Renascença.

Adina Moshe, como a Renascença dava conta na reportagem "De pacifista a refém do Hamas. A história da portuguesa levada de mota para Gaza", foi raptada a 7 de outubro do kibbutz Nir Oz, depois de ver o seu marido ser assassinado pelo Hamas.

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros português confirmou a libertação.

"Efetivamente tínhamos a esperança, não queríamos falar muito do assunto. Tínhamos esperança e confirma-se que saiu", confirmou João Gomes Cravinho.
Adina Moshe foi esta sexta-feira resgatada Foto: DR
Adina Moshe foi esta sexta-feira resgatada Foto: DR
Adina Moshe foi esta sexta-feira resgatada Foto: DR
Adina Moshe foi esta sexta-feira resgatada Foto: DR

A informação foi adiantada pelo Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos que, entretanto, já revelou a identidade de mais reféns libertados.

Segundo a mesma fonte, também Danielle Aloni e Emilia, a filha de cinco anos, deixaram, também hoje, o cativeiro. Outros elementos da mesma família, raptados naquele sábado, ainda estarão em parte incerta.

A lista completa dos cidadãos com nacionalidade israelita já foi, no entretanto, avançada online: Aviv Katz (2 anos), Raz Katz (4 anos), a já mencionada Emilia Aloni (de 5 anos), Ohad Mundar (9 anos), Doron Katz (34 anos), a mãe de Emilia, Danielle Aloni (44 anos), Keren Mundar (54 anos), a luso-israelita Adina Moshe (72 anos), Hanna Katzir (77 anos), Ruth Mundar (78 anos), Margalit Mozes (78 anos), Channa Peri (79 anos) e Yaffa Adar (85 anos).

À Renascença, a neta de Adina, Anat Moshe Shoshany, recordou o dia “horrível” e os que se seguiram. Esperava, na altura, que a nacionalidade portuguesa, que a avó obteve já em cativeiro, a ajudasse a conseguir ajuda internacional. No kibbutz de Nir Oz moravam 400 pessoas, morreram 100 e um terço dos 240 raptados são de lá.

"Ela fala 'ladino', que é uma língua judaico-espanhola. Ela tem uma ligação muito forte a Portugal, ia lá muitas vezes, ainda em julho passado ela e o meu avô estiveram lá. Sente-se muito ligada ao país, falava-nos sempre da cultura, de como as pessoas são afetuosas e ela sentia que fazia parte. Ela disse-me que esteve em Penamacor e que viu um restaurante com o sobrenome da sua família, Galante", contou Anat à Renascença, em Telavive.

De pacifista a refém do Hamas. A história da portuguesa levada de mota para Gaza
De pacifista a refém do Hamas. A história da portuguesa levada de mota para Gaza

Os avós de Anat tinham-se conhecido no kibbutz Nir Oz "há quase 60 anos".

"A minha avó era educadora de infância no kibbutz. Ela sabia tudo sobre mim, era muito fácil falar com ela, era — é — muito forte e por isso acredito que está viva", sublinhou a neta, que confessava não ter ainda conseguido fazer o luto pela morte do avô por estar a tal ponto envolvida em todas as ações possíveis para lutar pelo regresso da avó.

Adina terá à sua espera 12 netos e cinco filhos, que viviam no mesmo kibbutz. "A minha avó fazia caminhadas matinais, adorava o seu jardim, as suas plantas... e adorava o kibbutz, acreditavam mesmo na comunidade, era outra família para eles, passaram lá a maior parte da vida", recordava Anat.

"O meu avô nasceu no Iraque, ela nasceu aqui, mas tinha raízes espanholas. Ela tinha o caráter espanhol, ele tinha o caráter iraquiano e, juntos, eram o equilíbrio perfeito entre calma e ruído, estabilidade e teimosia, alegria... Acho que era por isso que se amavam tanto. Odeio pensar em como a vida do meu avô acabou e que a minha avó teve de assistir a isso. Eles não mereciam. Eram tão boas pessoas."

Anat considerava particularmente "injusto" que algo tão terrível tivesse acontecido a dois "ativistas pela paz".

"A minha avó costumava fazer piadas sobre isto. Em 2014 começaram a falar sobre os túneis que atravessavam a fronteira de Gaza e como um terrorista poderia aparecer em casa de repente. E ela dizia sempre: "Eu não tenho medo! Eles são pessoas como eu. Um deles sai de um túnel, aparece na minha sala e eu digo-lhe ‘olá, querido, toma um café, trago-te bolachas, trago-te comida...’”, contou Anat à Renascença.

Adina imaginava que poderia sentar-se e conversar "sobre a paz e sobre como coexistir” e "ambos acreditavam que esse dia chegaria em breve."

"Ela tinha tanta certeza... Claro que não imaginavam tamanha crueldade, mas ela acreditava mesmo que os seres humanos do outro lado poderiam sentir empatia por ela, perceber que ela estava com eles, e sempre esperou que a paz chegasse."

[Notícia atualizada às 18h04 de 24 de novembro de 2023]

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  • Jose Manuel Guedes Silva
    24 nov, 2023 Vila Real⁷ 19:29
    Sou ouvinte assíduo da RR Uma estação de rádio que dá gosto ouvir todo o dia.Mas de manhã as 3 da manha são simplesmente MARAVILHOSAS..

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