05 dez, 2023 - 13:27 • João Pedro Quesado , Salomé Esteves (infografia)
A esmagadora maioria dos alunos portugueses estuda em escolas onde há falta de professores. Este é um dos dados da edição de 2022 do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos (PISA), promovido pela OCDE, que revelou, esta terça-feira, que os alunos portugueses estão com menos capacidades na matemática, ciências e leitura do que há quatro anos.
Segundo o PISA 2022, 62% dos alunos em Portugal estudam em escolas onde o diretor reportou que a “capacidade de ensino” é “prejudicada” pela falta de professores. Além disso, 27% dos alunos estão em escolas onde o ensino é afetado por “professores desadequados ou pouco qualificados”.
Os números mostram uma tendência de agravamento face à edição de 2018 do PISA, quando apenas 32% dos alunos estavam em escolas com falta de professores. Nesse ano, 23% seriam afetados pelas qualificações baixas ou desadequadas de professores.
Apesar disso, os alunos relatam que os professores portugueses lhes mostram apoio acima da média da OCDE. 75% dos estudantes indicam que, na maioria das aulas de Matemática, os professores mostram interesse na aprendizagem de todos os alunos, e 79% que os professores dão ajuda extra quando precisam.
Alguns alunos portugueses dizem ainda que estudam matemática em condições desfavoráveis. Para 17%, é difícil trabalhar bem na maioria ou até em todas as aulas, e 25% dos alunos confessa que não ouve o que os professores dizem.
Os dispositivos digitais, como os telemóveis, são ainda fonte de distração para 34% dos alunos. 25% dos alunos são ainda distraídos por outros alunos que estão a usar dispositivos digitais.
Enquanto a proporção de alunos portugueses com dificuldades em trabalhar nas aulas e que não ouve bem os professores é mais baixa que a média dos países da OCDE, os alunos portugueses distraem-se mais que os restantes com dispositivos digitais – a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico é ligeiramente mais baixa, de 30%.
A edição de 2022 do PISA aponta ainda para uma autonomia das escolas portuguesas que fica bem abaixo dos níveis da OCDE. Se 37% dos estudantes portugueses está em escolas onde o diretor é o principal responsável pela contratação de professores, a média da OCDE é de 60%.
Contudo, há mais professores portugueses com autonomia para escolher os materiais de ensino utilizados nas aulas – a proporção é de 81%, quando a média da OCDE é de 76%.