06 dez, 2023 - 11:00 • João Cunha
Antes de ir para o trabalho em Lisboa, Liliana Nuno deixa o filho na creche, no centro histórico de Alcochete, onde na praça central está por esta altura um Mercado de Natal.
Ter um aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete tem prós e contras.
"Muito mais trânsito e muito mais gente. São pelo menos estes os fatores negativos", considera esta alcochetana.
"Vai ajudar na economia, nos postos de trabalho, mas na nossa vida do dia a dia, vai piorar. Faço Lisboa - Alcochete diariamente. A ponte vai ter mais gente, as coisas aqui vão ficar mais caras, o preço das casas vai ser inflacionado. Como residente, não será bom". Liliana admite mesmo que, "se tivesse essa possibilidade em termos de emprego, mudava para uma zona mais calma" e deixava Alcochete.
A subida do preço das casas e do custo de vida também preocupam Paulo Pereira, que ocupa uma mesa de uma das esplanadas da vila. "A vida já está como está, com tudo muito caro. E, ainda por cima, nós aqui já temos casas com duas assoalhadas a 700 e 800 euros por mês. E habitações em Alcochete não há praticamente nenhuma". O aeroporto trará 35 mil postos de trabalho e as pessoas vão ter de viver em algum lado, diz, rindo-se.
Já António Labreca tem outras preocupações. "O que me preocupa mais é que esta vila, onde nasci e fui criado, uma vila bairrista e pacata, deixe de o ser."
Prova desse bairrismo, os dois dedos de conversa que António Tábuas dá com um vizinho, no interior de um pequeno café, que à saída lembra que ainda há outra opção em cima da mesa.
"Vendas Novas também não é má localização, só que Alcochete tem uma vantagem: é que o terreno é do Estado". E assim sendo, não haverá necessidade de pagar indemnizações pelos terrenos que poderão vir a acolher o futuro aeroporto.