06 dez, 2023 - 18:10 • Pedro Mesquita , com redação
Francisco Ramos, antigo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, nega qualquer envolvimento no caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Em declarações à Renascença, Francisco Ramos sublinha que "não é função de um secretário de Estado marcar consultas" e garante que não o fez, até porque já não estava no Governo.
“Não. Claramente não, quanto mais não seja porque já não era secretário de Estado. Fui no mês anterior. Suponho que isso se tenha passado em novembro de 2019 e já nem sequer era eu. A resposta é, não, não fui”, afirma o antigo governante.
Francisco Ramos desconhece quem ligou para o Hospital de Santa Maria a pedir a marcação da consulta e diz que apenas agora soube do caso das gémeas. “Não tive essa capacidade de antecipação”, refere.
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O antigo secretário de Estado Adjunto e da Saúde prefere não comentar mais uma polémica que já mereceu um esclarecimento público por parte do Presidente da República.
“Acho que falta conhecer coisas. Está a ser investigado por quem tem que investigar”, sublinha.
Também em declarações à Renascença, Jamila Madeira, antiga secretária de Estado adjunta e da da Saúde, garante que desconhecia o caso das gémeas, tratadas a uma doença rara no Hospital de Santa Maria, e que não tinha acesso ao Conselho de Ministros.
“No meu gabinete nunca tivemos conhecimento de nenhum caso clínico em concreto, nem associado a essa patologia, doença, medicamento ou outro”, afirma Jamila Madeira.
O antigo governante António Lacerda Sales afirmou na terça-feira que nenhum secretário de Estado tem poder para marcar consultas e influenciar ou violar a consciência e a autonomia de qualquer médico, referindo-se ao caso das gémeas luso-brasileiras.
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Sublinhou ainda que "seria muito mau até que qualquer médico, no seu compromisso ético, se deixasse influenciar por alguém exterior à instituição ou por qualquer entidade exterior à instituição".
O Ministério Público confirmou em 24 de novembro que instaurou um inquérito sobre o caso de duas gémeas vindas do Brasil que foram tratadas no Hospital Santa Maria com o medicamento Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo.
Este caso foi revelado por reportagens da TVI, transmitidas desde 3 de novembro, que relatam que duas gémeas de origem brasileira, que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa, vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, o que representou um custo total de quatro milhões de euros.
A TVI tem repetido que neste caso há suspeitas de influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que negou qualquer interferência.
O caso está também a ser analisado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e é objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.