06 dez, 2023 - 16:57 • Marta Pedreira Mixão com Lusa
Pela primeira vez em 35 anos o Jornal de Notícias (JN) não vai estar nas bancas esta quinta-feira
Os trabalhadores do JN iniciaram esta quarta-feira uma greve de 48 horas, na sequência da falta de resposta da administração ao pedido de esclarecimento sobre a intenção do Global Media Group (GMG) em avançar com um despedimento coletivo de 150 trabalhadores.
"Em consequência do primeiro de dois dias de greve, o Jornal de Notícias não vai para as bancas esta quinta-feira, 7 de dezembro de 2023. Não acontecia desde 1988", refere uma publicação na conta de apoio ao jornal, na rede social Instagram
No site do diário, o JN informa que "o site e as redes sociais do Jornal de Notícias sofrerão esta quarta-feira e quinta-feira perturbações no serviço informativo que presta aos seus leitores devido a uma greve de dois dias dos trabalhadores do Global Media Group (GMG), convocada pelo Sindicato dos Jornalistas".
"Esta paralisação decorre como forma de protesto contra um eventual despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores, comunicado recentemente às delegadas sindicais do Jornal de Notícias pela administração do GMG, que detém os títulos JN, DN, TSF, O Jogo, Dinheiro Vivo, Notícias Magazine, Delas, N-TV, Motor24, Men's Health, Women's Health e Açoriano Oriental", explicam.
A greve terminará às 23h59 horas de dia 7, quinta-feira.
Os jornalistas do Jornal de Notícias entregaram, esta quarta-feira, um manifesto ao secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro para sensibilizar o Governo para a intenção do grupo avançar com um despedimento coletivo que "será a morte" do diário.
No manifesto, a que a Lusa teve acesso, a redação do Jornal de Notícias afirma que o corte anunciado pela administração “será a morte” do diário.
“Se esta impensável decisão avançar, o titulo até pode sobreviver mais um ano ou outro, mas nunca será capaz de continuar a fazer a diferença”, defendem.
O GMG vai negociar “com caráter de urgência” rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar “a mais do que previsível falência do grupo”, anunciou esta quarta-feir num comunicado interno.
Os acordos de rescisão deverão ser negociados “num universo entre 150 e 200 trabalhadores nas diversas áreas e marcas” do grupo, sendo o objetivo “evitar um processo de despedimento coletivo” que, segundo a Comissão Executiva, “apenas será opção em último caso”.
“Face aos constrangimentos financeiros criados pela anulação do negócio da Lusa”, a administração do GMG avança ainda que “o pagamento do subsídio de Natal referente ao ano de 2023 só poderá ser efetuado através de duodécimos, acrescido nos vencimentos de janeiro a dezembro do próximo ano”.