29 dez, 2023 - 16:17 • Alexandre Abrantes Neves , Teresa Paula Costa com Lusa
O ministro da saúde admitiu nesta sexta-feira que haver menos dois helicópteros na resposta de socorro noturno pode causar maiores dificuldades, mas considerou que não há razões para alarme.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) anunciou nesta quinta-feira que dois dos quatro helicópteros que utiliza no socorro vão deixar de operar à noite a partir do dia 1 de janeiro.
Comentando a decisão do INEM aos jornalistas, à margem da cerimónia dos 100 anos do IPO de Lisboa, Manuel Pizarro salientou que “quatro [helicópteros] vão estar em funcionamento desde as 8 da manhã e as 20h”.
Helicópteros em causa operam a partir de Viseu e É(...)
“Nós sabemos pela experiência adquirida que a ativação noturna dos helicópteros ocorre muito menos vezes do que a sua ativação durante o dia, o que significa que estamos convencidos que esses dois helicópteros que se mantêm durante a noite serão suficientes”, defendeu o ministro.
Considerando que “desse ponto de vista, vamos ter nos próximos meses menos capacidade de a curva de redundância ter sistemas para prevenir algumas falhas”, Pizarro admitiu que “se há menos redundâncias, temos de falar de uma maior dificuldade, mas estamos convencidos que vamos superar este meses sem alarme.”
O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar considera que pode haver atrasos no socorro às populações.
Apanhado de surpresa, o Sindicato referiu que, na região Centro e na zona do Alentejo, haverá menos disponibilidade de meios de emergência médica.
Também o autarca de Viseu já veio manifestar preocupação, tendo Fernando Ruas lamentado esta redução da emergência, numa altura em que a resposta do Serviço Nacional de Saúde está “condicionada.”
Entretanto, o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) rejeitou nesta sexta-feira responsabilidades na redução do serviço de helicópteros do INEM e contestou as declarações do presidente do instituto sobre "um litígio laboral" entre estes profissionais e a empresa concessionária.
"Não existe litígio com a empresa Avincis, relativamente aos limites de tempo de serviço dos pilotos. Existe sim, uma exigência legal, que os pilotos estão obrigados a cumprir", afirmou o sindicato em comunicado, precisando que os requisitos legais são estabelecidos para manter a segurança dos voos, seja da tripulação, da equipa médica, dos doentes ou da população.
"O SPAC, em tempo útil, entrou em contacto com todas a entidades envolvidas, INEM, ANAC e Avincis, para alertar sobre as consequências destas obrigações legais. Não obteve resposta de qualquer destas entidades, por forma a acautelar e solucionar o problema", justifica o sindicato, acrescentando que tentou junto da Avincis, "por diversas vezes", alcançar um acordo para ultrapassar a situação.
Também em comunicado, o INEM indicou que os helicópteros em causa são os que operam a partir de Viseu e Évora, tendo o presidente do instituto afirmado que a situação se deve manter no máximo durante seis meses. Os outros dois helicópteros, baseados em Macedo de Cavaleiros e Loulé, manterão o funcionamento 24 horas por dia.
"Em todas as abordagens e comunicados, o SPAC demonstrou preocupação com uma possível situação que estamos a viver agora e disponibilizou-se sempre para ser parte da solução", refere o comunicado dos pilotos divulgado nesta sexta-feira.
O SPAC afirma ainda que mostrou sempre "total disponibilidade", ao longo de todas as comunicações efetuadas junto das entidades competentes e que "já precavendo este desfecho", enviou uma carta ao presidente do INEM, Luís Meira, em outubro a alertar para a situação, adiantando que "até ao momento nada foi feito".
A estrutura sindical reiterou a "disponibilidade para ser parte da solução, caso exista verdadeira vontade das restantes entidades".