03 jan, 2024 - 09:34 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos
A Associação de Cuidados Paliativos defende que é urgente mudar de paradigma e fazer dos cuidados paliativos domiciliários uma prioridade.
Na reação ao estudo da Universidade de Coimbra, que aponta o investimento insuficiente nesta área como uma das causas da descida do número de mortes em casa em Portugal, Catarina Pazes diz ser preciso garantir mais conforto a quem necessita deste apoio.
“É preciso haver uma mudança séria de paradigma dessa organização. Os cuidados paliativos nos domicílios têm que ser uma prioridade da organização dos cuidados de saúde”, defende a presidente da Associação de Cuidados Paliativos.
Segundo Catarina Pazes, “a maior parte dos doentes que procura serviços de urgência são pessoas com doença crónica avançada e são pessoas que precisam de uma abordagem centrada na pessoa e centrada no seu conforto e não a estão a ter”.
“Ou seja, nós estamos a ter uma organização de cuidados que implica muito investimento, muitos recursos, mas que, de facto, não está a responder da melhor maneira àquilo que são as necessidades das pessoas”, acrescenta.
O trabalho foi desenvolvido por investigadoras por(...)
O estudo da Universidade de Coimbra conclui que, em contraciclo com a maioria, Portugal é um dos países onde se morre menos em casa. A investigação explica a tendência com um investimento insuficiente nos cuidados paliativos domiciliários e com o aumento do número de mortes em meio hospitalar.
“Estamos a falar de investimento que é insuficiente e que está a falhar com uma parte grande do problema que são os recursos humanos”, nota Catarina Pazes.
Na visão da responsável, “para reforçar, melhorar as respostas que já existem, e desenvolver novas respostas que permitam que todo o território do país seja coberto por estas respostas e equipas comunitárias, nós precisamos de recursos humanos”.
Nestas declarações à Renascença, a presidente Associação de Cuidados Paliativos assinala ainda que as pessoas são obrigadas a sair da sua casa, numa fase em que estão mais doentes e mais frágeis.
“E são obrigadas a sair da sua casa para um internamento hospitalar, precisamente por não terem a resposta que precisam no seu domicílio. Estamos a falar de necessidades altamente especializadas, que precisam de ser atendidas por quem, de facto, sabe responder”, adverte.