06 jan, 2024 - 00:35 • Marisa Gonçalves
O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) refere que não está surpreendido que o Tribunal de Contas tenha concluido que a privatização da ANA - Aeroportos de Portugal não salvaguardou o interesse público, classificando o negócio como "um escândalo".
À Renascença, o secretário-geral do SITAVA diz que a notícia não traz qualquer novidade e "o único espanto que temos é ter demorado tanto tempo, cerca de dez anos, a chegar a estas conclusões".
Paulo Duarte diz que o negócio foi mau "em primeira instância para os trabalhadores, porque aquilo que a Vinci veio trazer para Portugal foi acabar com a contratação coletiva, criar dificuldades às empresas com aumentos das taxas".
Contas feitas, o Estado fez um desconto de mais de 71 milhões de euros à Vinci, ao entregar os dividendos de quando a gestão era pública e suportando ainda os custos financeiros do contrato de concessão.
As partes tinham acordado em fechar o negócio por quase 1.200 milhões de euros, mas a Vinci acabou por pagar 1.127 milhões.
O secretário-geral do SITAVA acredita que na base do negócio estiveram os interesses particulares à frente dos interesses do país.
"O representante do vendedor era o mesmo representante do comprador. O desconto foi de amigos. O que se poderá dizer? É tudo uma série de coisas encadeadas e muito ainda se irá falar aquando da decisão do novo aeroporto. Ainda muito se irá falar porque, efetivamente, o Estado está refém. Isto é um negócio da China. É só aumentar as taxas, o que se quiser e é sempre dinheiro a entrar", considera.
A privatização da ANA concretizou-se no Governo de Passos Coelho. O processo foi acompanhado pelo escritório de advogados de José Luís Arnaut.
O social-democrata é hoje chairman da gestora aeroportuária, um facto que o SITAVA entende que é mais "uma das coisas escandalosas de que se falou e de que não se fala ainda".
"O José Luís Arnaut assessorava o Estado, ao mesmo tempo assessorava um dos candidatos que, por coincidência, foi o que venceu. Hoje, por coincidência, trabalha na empresa. Hoje, por coincidência, o seu escritório de advogados é que representa as empresas do grupo. São tudo coincidências", ironiza.
Estado vendeu na pior altura, em recessão, sem est(...)