Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Universidade de Coimbra apresenta soluções de autoproteção de edifícios em caso de incêndio rural

08 jan, 2024 - 11:08 • Olímpia Mairos

Especialistas consideram que “a capacidade de autoproteção e as medidas de prevenção e preparação dos cidadãos e comunidades para enfrentarem os incêndios rurais são essenciais e cada vez mais urgentes no ciclo de gestão de grandes incêndios”.

A+ / A-

O Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) realiza esta quarta-feira, 10 de janeiro, uma demonstração de soluções de autoproteção de edifícios em caso de incêndio rural.

Em comunicado, a academia assinala que os últimos anos têm-se caracterizado por uma tendência crescente na severidade e frequência de grandes incêndios rurais.

“Uma análise ao registo histórico de incêndios permite verificar que os seis maiores incêndios rurais alguma vez registados ocorreram desde 2012. Para além disso, estas grandes ocorrências têm tido enormes impactos no ambiente construído, incluindo um número de vítimas mortais sem precedentes”, lê-se no documento.

De acordo com Miguel Almeida, investigador da ADAI e coordenador do projeto, “uma das lições que se pode tirar das tragédias registadas é que, quando ocorrem incêndios catastróficos, o dispositivo público de combate e proteção contra incêndios rurais nunca é suficiente para acudir a todas as situações que carecem de intervenção”.

“Por outro lado, a alocação de meios para proteção de cidadãos ou edifícios retira capacidade de supressão do incêndio, o que impede uma atuação efetiva na raiz do problema”, acrescenta o investigador.

Políticas públicas e medidas legislativas ajustadas

O especialista considera que “a capacidade de autoproteção e as medidas de prevenção e preparação dos cidadãos e comunidades para enfrentarem os incêndios rurais são essenciais e cada vez mais urgentes no ciclo de gestão de grandes incêndios”.

“O que exige, por sua vez políticas públicas e medidas legislativas ajustadas e eficazes ao magno desafio enfrentado”, assinala, acrescentando que a atual legislação portuguesa relativa à gestão do risco de incêndio rural na interface urbano florestal (IUF), no espaço onde a vegetação e pessoas ou infraestruturas coexistem de forma expressiva, apresenta pouca fundamentação científica que deveria servir-lhe de suporte.

Foi precisamente com o intuito de dar uma melhor resposta no âmbito da gestão do risco de incêndio na IUF à escala da propriedade, ou seja, na construção e na sua envolvente até 50 metros que surgiu o projeto “House Refuge”, que permitiu desenvolver vários conteúdos técnicos que se focaram em componentes como a construção, a envolvente e a capacidade de autoproteção.

Para além disso, “foi feita uma análise à atual legislação e realizado um estudo ao setor dos seguros sobre as suas práticas atuais e perspetivas futuras em relação à assunção do risco de incêndio rural em edifícios”, explica o investigador.

“Está ainda prevista a publicação de dois livros com resultados, um de índole científica e outro de índole mais técnica, bem como a publicação de um conjunto de vídeos com instruções básicas para que o cidadão comum possa perceber o que fazer antes, durante e após um incêndio rural que ameace a sua casa e o seu ambiente familiar”, acrescenta

O evento de demonstração de resultados do projeto “House Refuge” (Casa Segura), terá lugar no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, na Lousã, quarta-feira, a partir das 9h15.

Além da apresentação dos principais resultados obtidos no projeto, a sessão vai contar com a partilha e debate de várias propostas científicas, técnicas e jurídicas relativamente à gestão do risco de incêndio nestes espaços, olhando para o cidadão enquanto elemento central de todo este processo.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+