11 jan, 2024 - 14:54 • Lusa
O diretor nacional da PSP manifestou esta quinta-feira aos sindicatos que está solidário com os protestos dos polícias, disse o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia, avançando que a contestação vai continuar.
"Esta reunião serviu acima de tudo para o diretor nacional, pessoa que nos dirige, mostrar efetivamente, confirmar e reforçar aquele que é o espírito de solidariedade que tem para com esta luta, que também não deixa de ser uma luta do diretor nacional, sendo ele o diretor de todos os polícias", disse aos jornalistas Bruno Pereira.
O diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, José Barros Correia, esteve reunido durante cerca de duas horas com os seis sindicatos da PSP mais representativos, numa altura em que os polícias estão em protesto por melhores condições salariais e de trabalho.
Estas ações tiveram origem num movimento inorgânico que surgiu dentro da PSP contra o subsídio de risco atribuído pelo Governo apenas à Polícia Judiciária.
No final da reunião de hoje, o presidente do Sindicato Nacional dos Oficiais de Polícia (SNOP) precisou que o diretor nacional procurou deixar uma mensagem de apoio aos polícias.
Questionado sobre se Barros Correia pediu aos sindicatos para pararem com os protestos, Bruno Pereira afirmou que o diretor nacional da PSP "não ia fazer tal coisa, nem faria sentido pedir, num momento em que a luta é justa, atual e tem de continuar a ser discutida".
O presidente do sindicato que representa a maioria dos comandantes e diretores da PSP sublinhou igualmente que as estruturas sindicais têm pedido aos polícias "bom senso" nos protestos, ressalvando que os polícias "têm padrões elevados de ética" e "não se espera que tenham comportamentos que não sejam próprios de um polícia".
No entanto, sustentou que "os polícias têm razões mais do que legítimas" para protestar e reivindicar a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança e melhores condições de trabalho.
Bruno Pereira garantiu que os protestos vão continuar enquanto não existir "uma posição firme e vinculada" sobre "as legítimas pretensões".
"Os polícias vão manter-se firmes, tal como todos estes sindicatos que os representam também vão manter-se unidos exatamente para defender aquilo que é a legítima defesa dos seus direitos e causas", disse.
O presidente do SNOP lembrou que os protestos dos polícias não começaram esta semana, sendo "uma luta que começou a ser travada há anos e para o qual o Governo não deu solução".
Pelo quarto dia consecutivo, os polícias da PSP voltam hoje a concentrar-se em várias cidades do país em protesto, numa iniciativa que começou com um agente da PSP em frente à Assembleia da Republica, em Lisboa, e está a mobilizar cada vez mais elementos da PSP, bem como da GNR e da guarda prisional.
O protesto foi também concretizado com a paragem de vários carros de patrulha da PSP, principalmente no Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis), alegando os polícias que estavam inoperacionais e com várias avarias.
A contestação dos elementos da PSP, juntamente com os militares da GNR, teve início após o Governo ter aprovado em 29 de novembro o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da PJ, que, em alguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Estes protestos surgiram de forma espontânea e não foram organizados por qualquer sindicato, apesar de existir uma plataforma, composta por sete sindicatos da PSP e quatro associações da Guarda Nacional Republicana, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.
Esta plataforma decidiu cortar totalmente as relações com o Ministério da Administração Interna.
Os protestos dos polícias estão a ser organizados através das redes sociais, como Facebook e Telegram.
Na reunião com o diretor nacional da PSP estiveram presentes os seis sindicatos mais representativos: Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP-PSP), Sindicato dos Profissionais de Polícia (SPP), Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol), Sindicato Independente da Polícia (SIAP), Sindicato Nacional de Oficiais de Polícia (SNOP) e Sindicato Nacional da Carreira de Chefes da PSP (SNCC).