11 jan, 2024 - 11:44 • João Cunha
De mantas, luvas, gorros e cachecóis. Foi assim que alunos e professores chegaram esta manhã à Secundária da Portela.
Há salas de aula onde a temperatura ronda os 15 graus, bem abaixo da temperatura ideal de conforto. Esta manhã, e para chamar a atenção para a questão, a comunidade escolar instalou um bidão cortado ao meio onde queimou madeira para, pelo menos por uns instantes, tornar o ambiente mais quente antes de entrar na escola - cujo portão principal tinha hoje uma faixa a dizer “Aquece-te aqui!”.
E assim o fizeram, alunos, professores, funcionários e pais. Pedro Costa, um dos elementos da Associação de Pais, lamenta que se esteja fora da temperatura de conforto, com consequências para o ensino.
"Os miúdos têm as suas aulas e os professores ensinam nessas mesmas salas de aula com temperaturas entre 14 e 15 graus, de manhã, e 17 à tarde. Se olharmos para o regulamento de segurança e higiene no trabalho, que se aplica aos escritórios, teria de estar pelo menos a 18 e a caminho dos 22".
Assim, é fácil chegar a uma conclusão.
"Estamos fora da temperatura de conforto e isso não ajuda à concentração, não ajuda a que ninguém trabalhe bem e a que ninguém aprenda bem".
Ao lado do protesto de pais e alunos está Nuno Reis, Diretor do Agrupamento de Escolas de Portela e Moscavide, frequentado por cerca de 2700 alunos, que compreende perfeitamente o protesto. Porque também sente frio.
"Dentro das salas é sem dúvida muito grave essa situação. Não me parece que com temperaturas entre 10 e 15 graus se consiga ensinar e se consiga aprender, principalmente, que é o que se pretende".
Os alunos vão chegando, antes da hora de entrada. Tirando um ou outro que parece ter o termóstato avariado, já que veste apenas um casaco fino de um fato de treino ou uma camisola de malha fina, todos parecem mais estar numa estância de ski do que numa escola.
Com o filho nesta escola, Dúlia Cardoso relata as queixas do frio que o jovem diz passar nas salas de aula, com consequências na indumentária diária.
"Traz quatro ou cinco camisolas vestidas. Sendo rapaz, com as calças é complicado, porque não usa collants e, por isso, tem sempre imenso frio. Tem de trazer uma manta para se aquecer".
Diz esta mãe que se tiver de passar duas horas numa sala de aula, o filho "sai com o corpo rígido. Não há condições para estarem numa sala de aula".
Alexandre Ferreira é aluno desta escola. Lembra que para além do frio, há outro problema grave a afetar a escola: a chuva.
"É muito, muito, muito raro nós termos educação física, principalmente no Inverno. Cada vez que chove, estarmos no pavilhão ou na rua é exatamente a mesma coisa, porque chove da mesma maneira", denuncia este finalista do secundário, que lamenta o alegado desinteresse do estado nestas matérias.
"Vemos tanto dinheiro a ser canalizado para tanta coisa que não interessa neste país e nós, alunos, que somos o futuro, não temos uma única gota de nada".
Gotas, só mesmo da chuva, que aliada ao frio intenso torna difícil ser aluno ou professor nesta escola secundária.
A Câmara Municipal de Loures manifesta solidariedade com alunos e pais, garantindo que está a realizar todas as diligências para melhorar as condições naquela e outras escolas do concelho.