12 jan, 2024 - 10:38 • Beatriz Pereira , Teresa Paula Costa
Três dos quatro arguidos que estiveram envolvidos no acidente que provocou a morte da cantora Sara Carreira foram, esta sexta-feira, condenados a prisão com pena suspensa.
Ivo Lucas, que conduzia o carro que provocou a morte da artista, foi condenado a uma pena suspensa de dois anos e quatro meses e Paulo Neves três anos e quatro meses, ambos por homicídio negligente grosseiro.
Já a fadista Cristina Branco, acusada de homicídio por negligência, foi condenada a uma pensa suspensa de um ano e quatro meses.
Tiago Pacheco foi condenado a cinco meses de inibição de condução e a uma multa de 150 dias à taxa de 7 euros por condução perigosa.
Ivo Lucas fica também inibido de conduzir por nove meses, Paulo Neves, que não compareceu em tribunal, por dois anos, Cristina Branco por um ano e Tiago Pacheco por cinco meses.
Segundo a juíza Marisa Ginja, "todos os arguidos contribuíram para o resultado da morte".
Já em declarações aos jornalistas, à saída do tribunal de Santarém, a defesa de Ivo Lucas diz que "provavelmente" vai recorrer e que o músico está "a passar um mau bocado".
"Acho que a conclusão está errada", afirmou Rodrigue Devillet Lima, advogado de Ivo Lucas.
A cantora Sara Carreira morreu no dia 5 de dezembro de 2020, na Autoestrada 1 (A1), na zona de Santarém.
Segundo a descrição do acidente, a viatura de Cristina Branco embateu, cerca das 18h30, no veículo de Paulo Neves, que circulava na faixa da direita, alegadamente a uma velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 Km/h).
A viatura de Cristina Branco embateu, de seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se na faixa central da A1.
Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura na companhia da filha, foi acusada pelo Ministério Público de não ter feito a pré-sinalização de perigo.
Ivo Lucas embateu na viatura de Cristina Branco.
À saída do tribunal, o cantor Tony Carreira e pai de Sara, em declarações aos jornalistas, disse que não pretendia condenações, mas que a única coisa que procurava é que lhe dissessem “a verdade”.
“Na vida real, toda a gente vai para casa. Na vida real, ninguém vai preso e está tudo certo", disse. "Deus lhes dê muita sorte e os abençoe”.
“Na vida real, todos aqui seguiram uma tática de advogado. Foi a carta da amnésia, ninguém se lembra de nada. Na vida real, dentro dessa amnésia, toda a gente se lembra daquilo que dá jeito, que é: havia nevoeiro, quando foi provado que não havia. Que não havia visibilidade: havia visibilidade a 400 metros, vocês ouviram como eu", acrescentou.
"Não custava nada a estes arguidos, simplesmente, dizerem-me a verdade, que era isso que eu procurava. Assumirem a verdade, nada mais”.
Tony Carreira criticou também a forma como o "Ministério Público queria ilibar uma pessoa que ia bêbada", referindo-se a Paulo Neves, que conduzia apresentando uma taxa de alcoolemia de 1,18 g/l, quatro horas depois do acidente.
Para além de conduzir embriagado, Paulo Neves seguia a a uma velocidade abaixo do permitido por lei em autoestrada (entre 28 e 32 quilómetros/hora), sem qualquer sinalização de perigo.
"Ia a 28 km/h e também não se lembrava de nada. Mas de repente, lembrou-se que não ia a 28. Como aqueles que iam a 130 km/h lembraram-se que iam a 85 km/h”, sublinhou. "Para mim, é o maior culpado deste filme todo e nem sequer teve coragem para comparecer. Isto são os factos”.
O pai da cantora referiu ainda não "achar normal que um GNR" faça o teste de álcool quatro horas depois e diz simplesmente ‘pronto, estava cheio de trabalho'.
Tony Carreira revelou que a partir de hoje, vai "virar esta página" e que "aconteça o que acontecer, daqui para a frente eu não volto cá mais. Quem quiser agora mudar isto que mude. Não foi nada disso que me moveu”.
Questionado se vai recorrer da decisão do tribunal, o cantor afirmou que não ia, revelando que "nem ouviu a pena". "Nem faço ideia de quem é que foi condenado a quê".
"É a vida real, a minha filha não está cá".
[atualizada às 11h35]