16 jan, 2024 - 15:28 • Lusa
Alunos da Escola Secundária de Ribeira de Pena manifestaram-se nesta terça-feira contra a falta de aquecimento no estabelecimento de ensino e o município disse que vão ser instalados 90 aquecedores ainda este mês.
"Fizemos um protesto pela falta de condições básicas que devemos ter numa sala de aula, como o aquecimento. É visível a adesão dos alunos porque isto também os preocupa. Há alunos, mais pequeninos, que têm que trazer aquecedores de casa porque não conseguem estar na sala de aula", afirmou André Ferreira, 18 anos e presidente da associação de estudantes da escola EB 2,3/Secundária.
Os estudantes concentraram-se em frente ao estabelecimento de ensino, em Ribeira de Pena, distrito de Vila Real, onde a maioria hoje não foi às aulas, e mostraram cartazes onde se podia ler: "Queremos aquecedores", "Sem aquecedores", "É triste estar mais quente lá fora do que dentro das próprias salas de aula" ou "Não é justo as outras escolas terem aquecimento e a nossa não".
A escola foi alvo de obras de requalificação, que ultrapassaram o milhão de euros e que ficaram concluídas a 22 de dezembro, não estando prevista na empreitada a substituição dos aquecedores.
"Os técnicos da câmara fizeram um apanhado dos 90 aquecedores que são necessários instalar em toda a escola, o procedimento foi lançado, o orçamento é de 50 mil euros e, segundo nos dizem os fornecedores, nos dias 20, 20 e qualquer coisa serão instalados", afirmou o presidente da Câmara de Ribeira de Pena, João Noronha.
Para o autarca, "não deixa de ser caricato" que esta questão tenha sido suscitada apenas no final do melhoramento que foi realizado nos equipamentos escolares do concelho e que ultrapassam, na totalidade, os três milhões de euros" desde 2017.
João Noronha explicou que os aquecedores, que estavam instalados na escola, tiveram que ser substituídos devido a condições de segurança e toda a instalação elétrica também teve que ser renovada, uma despesa suplementar que está a ser suportada pelo município.
"Este procedimento só pode ser aberto, agora, no dia 3 de janeiro do corrente ano", salientou, frisando que não entende e acha estranho o protesto dos alunos e questionou a aproximação de atos eleitorais.
Referiu ainda que vai pedir, ainda hoje, uma reunião com a direção da escola, pais e alunos e garantiu que a melhoria das condições de ensino neste concelho é uma prioridade para a câmara.
A agência Lusa tentou falar com a direção da escola, o que não foi possível.
"Estamos em pleno inverno e o que nos dizem é que vão começar a instalar os aquecedores no fim de janeiro, mas no fim de janeiro já se passou muito frio aqui e é isto que eu acho que é inadmissível. É inadmissível uma obra desta envergadura não ter um sistema básico de aquecimento", acrescentou André Ferreira.
Clarisse Teixeira, 17 anos e aluna do 12.º ano, aderiu ao protesto porque disse que os alunos precisam de aquecimento porque "é muito complicado estar a estudar com o frio" e lamentou que as salas estejam "mais frias que a rua" o que, na sua opinião, prejudica o processo de aprendizagem.
"É ter as mãos geladas e não ter vontade de tirar as mãos dos bolsos. Trazemos cobertores de casa muitas vezes para estarmos melhor dentro da sala, mas é horrível", referiu.
Inês Martins, 16 anos, 11.º ano, contou que às vezes, por causa do frio, não se consegue escrever.
"Trazemos cobertores, trazemos luvas, mas é difícil escrever os apontamentos", salientou.