20 jan, 2024 - 13:49 • André Rodrigues
A presidente da Associação de Professores de Geografia (APROFGE) classifica de “desgraça” o facto de apenas 0,7% dos alunos do 5.º ano conseguirem identificar o mapa da Península Ibérica. Em causa estão os dados do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), relativos às provas de aferição realizadas em 2023.
De acordo com o organismo do Ministério da Educação, responsável pelas provas nacionais de avaliação dos alunos, do universo de 75 mil alunos que realizaram a prova de aferição na disciplina de História e Geografia de Portugal, só pouco mais de 500 conseguiram acertar na questão relativa à localização e quadro natural da Península Ibérica.
Numa leitura a estes números, a presidente da APROFGE reage com “bastante preocupação” perante o que considera ser “uma desgraça” que, ainda assim, tem algumas atenuantes.
“A competência da localização é uma competência difícil e a sua localização relativa é muito mais difícil e tem a ver com a língua portuguesa”, assinala Ana Cristina Câmara que, nestas afirmações à Renascença, sugere que parte do problema está relacionada com o facto de os alunos não compreenderam a pergunta que lhes é dirigida, por “dificuldades com a interpretação do português”.
Por outro lado, a docente lembra que houve alunos que estavam “muito nervosos no início da prova”, na sequência dos problemas tecnológicos que, em muitos casos, quase puseram em risco a realização das provas de aferição.
Mas, a montante destes fatores, está o facto destes alunos avaliados em 2023 terem sido “prejudicados pelo ensino à distância em tempo de pandemia”.
“Não é a mesma coisa esclarecer dúvidas relacionadas com localização geográfica relativa em contexto de sala de aula, ou em aulas à distância, num computador”, acrescenta a presidente da APROFGE.
Questionada sobre possíveis soluções para inverter esta tendência, Ana Cristina Câmara considera que a soma de conflitos no Médio Oriente e na Ucrânia, ou a necessidade de compreender a origem geográfica de eventos climáticos extremos pode servir de oportunidade para melhorar a noção dos alunos sobre o espaço em que se movimentam.
Contudo, esta professora admite que o acesso às tecnologias, associado ao seu uso intensivo, faz com quem estas crianças tenham "mais noção de outros territórios do mundo e menos do espaço onde se movimentam”.
“Mas, se nós temos um contexto internacional, com guerras aqui tão próximo, até podemos utilizar estes conflitos para que os miúdos consigam localizar países à volta e que rodeiam e que estão envolvidos naqueles conflitos”, remata.