20 jan, 2024 - 11:46 • João Pedro Quesado
Só 5% dos alunos do 5.º ano de escolaridade não têm nenhuma dificuldade na leitura. Esta é uma das conclusões do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), que publicou esta sexta-feira o relatório acerca dos resultados nacionais das provas de aferição de 2023. Em geral, o desempenho dos alunos do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade foi "inferior na maioria dos domínios avaliados" em comparação com as provas de 2022 ou de outro ano comparável.
Na caraterização do desempenho nas provas do ano letivo 2022/2023, o IAVE aponta que, de "forma global", é nas disciplinas de "História e Geografia de Portugal, do 5.º ano, e de Matemática e de Ciências Naturais e Físico-Química, do 8.º ano de escolaridade", que os alunos "evidenciam mais dificuldades em atingir desempenhos dentro do esperado".
Enquanto o desempenho dos alunos deveria estar nas categorias "Conseguiu" e "Conseguiu, mas…", os resultados mostram que a percentagem de alunos cujo desempenho se enquadra na categoria de "Revelou Dificuldade" é significativamente elevado.
Contudo, o IAVE declara que os resultados, "embora evidenciem desempenhos menos satisfatórios, estão alinhados com os resultados da aplicação anterior de cada prova".
Um dos dados mais fortes do relatório é que apenas 0,7% dos alunos do 75 mil anos do 5.º ano - que têm 10 ou 11 anos de idade - que fizeram a prova de aferição em 2023 não têm dificuldades em identificar a Península Ibérica num mapa.
Contudo, os problemas não param aqui. Na disciplina de Português, os resultados pioraram em todos os domínios avaliados, e é nas competências de leitura e educação literária que estão pior - apenas cerca de 25% dos alunos consegue ter aproveitamento na leitura, mas só 5% não tem nenhuma dificuldade.
No 8.º ano, na disciplina de Matemática, a esmagadora maioria dos alunos tem dificuldade ou não consegue realizar cálculos, nem organizar e interpretar dados. Nas Tecnologias de Informação e Comunicação, quase 80% dos alunos não sabe investigar e pesquisar na internet.
Em 2023, as provas foram realizadas "pela primeira vez de forma generalizada" em suporte digital. Apesar do debate sobre o impacto deste modelo nos resultados, o IAVE considera que "os dados não parecem indicar que o modo de aplicação digital tenha tido um impacto significativo nos resultados dos alunos".
Para chegar a essa conclusão, o IAVE apoia-se na "distribuição dos resultados pelas quatro categorias de desempenho", principalmente visível no "comportamento dos itens de seleção", em que a interação com a plataforma digital é "muito idêntica à dos itens de construção", que implicam "maior proficiência na interação". Essa distribuição, diz o IAVE, é muito idêntica à dos itens de construção, os quais implicam uma maior proficiência na interação com a plataforma de realização de provas digitais do IAVE.