26 jan, 2024 - 19:43 • Pedro Mesquita
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José Souto Moura, antigo procurador-geral da República, mostra-se "surpreendido", mas não critica a deslocação do continente para a Madeira de quase 300 agentes da Polícia Judiciária (PJ). A megaoperação resultou na detenção do autarca do Funchal e de dois empresários, bem como na constituição de arguido do presidente do governo regional.
Em declarações à Renascença, Souto Moura admite que ficou surpreendido, mas não critica, alegando desconhecer as necessidades a que foi preciso atender.
Este antigo procurador-geral da República lamenta, ainda assim, a ocorrência de mais uma violação do segredo de justiça.
Que leitura faz do envio de quase 300 elementos da PJ para a Madeira – em avião militar – para a realização de buscas, e também do facto de à chegada terem já à sua espera alguns jornalistas enviados do continente?
O facto de estarem lá jornalistas do continente significa que houve uma violação do segredo de justiça.
Mais uma...
Mais uma. Significa que, portanto, houve órgãos de comunicação social que foram avisados da operação. E não posso deixar de dizer que isso é lamentável, mas isso já aconteceu noutros casos...
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Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marqu(...)
Mas perante sucessivos casos de fugas de informação em segredo de justiça, a Procuradoria não devia agir mais do que tem agido? Não há notícia de consequências...
Se lhe respondesse que sim, estava a criticar a atuação da Procuradoria e isso eu não quero fazer.
Já tinha assistido a uma operação desta envergadura? Como é que olha para uma situação que já mereceu críticas na Renascença de Cunha Rodrigues, que foi seu antecessor enquanto Procurador-Geral da República?
Não posso deixar de dizer que fiquei surpreendido, mas não posso criticar porque não sei a dimensão da operação e, portanto, não sei quais são as necessidades que a Polícia tem, ou teve, ao transportar esse número de agentes. E, portanto, não posso dizer que acho exagerado, ou não.
Tenho memória de uma operação desta envergadura?
Não, mas o facto de eu não ter memória não significa que não tenha acontecido, não é?
E não é criticável, por si só?
Não. Por si só, depende das necessidades que a polícia sentiu para levar a cabo a operação. Não sei quais foram as necessidades a que foi preciso atender.