30 jan, 2024 - 15:15 • Ana Kotowicz
Não houve fugas de informação, os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) viajaram sozinhos para a Madeira e a operação estava a ser preparada desde o final de setembro. Estas são algumas das explicações dadas pelo diretor nacional da PJ, esta terça-feira, durante uma conferência de imprensa para esclarecer alguns detalhes sobre a investigação na Madeira.
Luís Neves disse ainda que o Governo não foi avisado antecipadamente sobre a operação e que nenhum dos arguidos ou dos locais onde foram efetuadas buscas sabiam que iam ser alvo de investigação.
De resto, justificou o uso de aviões militares com a urgência de transportar para Lisboa o material e as provas confiscadas. Só o material, esclareceu o diretor nacional, pesava mais de uma tonelada.
“A comunicação social não teve conhecimento antecipado na operação. Nem acompanhou as buscas”, garantiu Luís Neves, que respondia assim às críticas dos últimos dias, já que na altura em que a Judiciária aterrou na Madeira, vários órgãos de comunicação social tinham jornalistas no Funchal prontos para fazer a cobertura das buscas.
O diretor nacional da PJ rejeitou veemente essas críticas e, além dos jornalistas, sublinhou que nenhum dos arguidos sabia da investigação em curso.
"A operação policial não foi em momento algum comprometida. A ação da PJ nas 130 buscas foi eficaz a 100%, uma vez que nenhum dos visados foi antecipadamente alertado. A PJ viajou sozinha para a Madeira, sem Ministério Público e sem jornalistas. O transporte dos investigadores foi preparado pela PJ dias antes e pelo Estado Maior da Força Aérea em total sigilo. A PJ não se revê na fuga de informação e procura evitar que possa ocorrer", disse Luís Neves.
Sobre o uso de aviões militares, o diretor nacional da PJ sublinhou que existe um protocolo antigo, de décadas, com os três ramos das Forças Armadas, que dão apoio à PJ sempre que necessário. Neste caso, o uso deste meio de transporte, e não de um avião comercial, permitiu que todo o material e prova apreendidos chegassem a Lisboa em tempo útil. “Toda a prova apreendida foi colocada na sede da PJ, e colocada à disposição do MP em 28 horas. Algo que nunca teria acontecido se a viagem fosse feita em voos comerciais.”
De resto, e sobre os timings da operação, Luís Neves esclareceu que tudo começou a ser preparado em setembro passado, já que foi necessário confirmar centenas de moradas e os locais exatos aos quais os agentes tinham de se dirigir. Operações cirúrgicas que têm de ser levadas a cabo com tempo para que, argumentou, nada possa expor que há uma investigação em curso. “Uma operação desta envergadura requer muito tempo de preparação. É preciso recolher informação dos locais e rotinas dos visados. Isto leva meses e ela foi planeada no final de setembro”, explicou o diretor nacional da PJ.
Quanto aos meios, que chegaram a ser considerados excessivos, Luís Neves contra-atacou: quando foram usados 300 agentes para libertar trabalhadores agrícolas que estavam a ser escravizados, sublinhou, ninguém criticou os meios usados. Foi também porque o número de agentes mobilizados não correspondia à verdade, pondo em causa "a idoneidade da PJ", que decidiu dar esta conferência de imprensa. Os meios realmente usados? Foram "140 inspetores e 10 especialistas de polícia científica e não 300 inspetores como foi reportado pelos meios de comunicação social".
No final, o balanço feito pelo diretor nacional da PJ é de que a operação foi um sucesso e em nenhum momento ficou comprometida.