31 jan, 2024 - 19:33 • Lusa, com redação
O Governo anunciou esta quinta-feira um pacote de apoio ao rendimento dos agricultores no valor de 439 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar a Política Agrícola Comum (PAC). Para sexta-feira, estão marcados protestos de agricultores em vários pontos do país.
"Para fazer face ao impacto da seca no nosso território, o Governo está em condições de apresentar um apoio à produção de 200 milhões de euros para todo o país", anunciou a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, numa conferência de imprensa conjunta com o ministro das Finanças, Fernando Medina, em Lisboa.
A governante disse que esta medida é "de maior importância" e que terá maior impacto nas regiões mais afetadas, como Alentejo e Algarve.
Maria do Céu Antunes anunciou também uma linha de crédito de apoio à tesouraria, no valor de 50 milhões de euros e com taxa de juro zero.
Por outro lado, o Governo vai baixar o ISP [Imposto sobre os Produtos Petrolíferos] do gasóleo agrícola para o mínimo permitido, "uma redução de 4,7 cêntimos por litro para 2,1 cêntimos", ou seja 55%. A medida estimada em 11 milhões de euros deverá entrar em vigor até segunda-feira.
Está também previsto um reforço de 60 milhões de euros no primeiro pilar do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) nos apoios à produção, de modo a assegurar as candidaturas aos ecorregimes agricultura biológica e produção integrada.
O Governo vai ainda reforçar o segundo pilar do PEPAC, também com 60 milhões de euros, para assegurar, "até fevereiro", o pagamento das candidaturas às medidas de ambiente e clima.
"Comprometemo-nos com a reprogramação do PEPAC e a submeter medidas, a pedido dos agricultores, de ambiente e clima" no âmbito do desenvolvimento rural, que corresponde ao segundo pilar da PAC, acrescentou. Em causa está um montante de 58 milhões de euros.
O movimento exige a reposição imediata das ajudas (...)
"Nós somos muito solidários com os agricultores portugueses. Sabemos bem as dificuldades grandes que os últimos quatro anos trouxeram: uma pandemia, uma guerra na Europa, uma guerra fora da Europa e uma crise inflacionista como já não sentíamos há 30 anos", apontou a ministra.
Neste sentido, a titular da pasta da Agricultura e da Alimentação notou que o Governo continua a acompanhar esse mesmo esforço, disponibilizando os meios necessários para mitigar o efeito destas dimensões.
Maria do Céu Antunes referiu ainda que o Governo já tinha lançado, entre 2022 e 2023, apoios no valor de 350 milhões de euros.
Por sua vez, o ministro das Finanças, Fernando Medina, defendeu que as medidas anunciadas têm um impacto significativo, "dirigido ao que são hoje as necessidades reais, concretas e objetivas dos agricultores portugueses".
Medina destacou que estas resultam de um trabalho conjunto com as confederações de agricultores, que apresentaram a sua opinião face às mesmas.
"Fazemos isto por conhecemos a necessidade e a realidade objetiva dos agricultores portugueses e porque o país tem recursos, resultantes da gestão prudente que fizemos", rematou.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) tinha avançado ao início da tarde que o Governo preparava-se para reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC, e rejeitou os protestos violentos que afetam o setor.
No caso da agricultura biológica os cortes poderiam ascender a 35%.
"O Conselho foi unânime em considerar que isso seria absolutamente inaceitável e que demonstra uma falta de respeito e desarticulação do Ministério da Agricultura [...]", afirmou o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, após a reunião do Conselho de Presidentes da confederação.
A CAP disse ter estado em negociações com o Governo para reverter estas medidas, anunciando agora que "foi possível obter um acordo com o Governo no sentido de que esses cortes não terão efeito".