03 fev, 2024 - 01:02
Os agricultores que cortaram esta sexta-feira o acesso da Estrada Nacional (EN) 109 às autoestradas A1 e A29 em Estarreja, no distrito de Aveiro, já desmobilizaram após a marcação de uma reunião, na próxima semana, no Ministério da Agricultura.
Segundo disse à Lusa Filipe Duarte, porta-voz do grupo de agricultores, os acessos foram desbloqueados pelas 22h00 de sexta-feira e os agricultores esperam agora pelos resultados de uma reunião marcada para terça-feira, às 17h00, com a ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, e o secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues.
"Não queremos subsídios, queremos que valorizem o nosso produto, nós não somos subsidiodependentes, e precisamos que esta PAC [Política Agrícola Comum] que foi aprovada, seja ligeiramente alterada porque as ecoambientais, do jeito que estão, nós agricultores não conseguimos trabalhar", afirmou o produtor de carne e leite de Válega, no concelho de Ovar.
Entre as principais reivindicações dos agricultores estão um preço justo à produção e a regularização do mercado.
"O produtor tem que ficar com uma margem no mínimo de 50 a 60% do produto equivalente à venda final", advogou Filipe Duarte, explicando que os produtores não podem "ficar com 30% e os intermediários ficarem com os 70%".
Na concentração estiveram cerca de 85% de produtores de leite e de carne, mas o porta-voz do movimento salientou que a luta abrange todas as áreas e produtores agrícolas.
"Estamos cada vez mais endividados e não é com subsídios que nós vamos conseguir endireitar isto, nós vamos conseguir endireitar e produzir, e trabalhar honestamente com margens que sejam minimamente apetecíveis, e no mínimo terá de ser na ordem dos 50% do valor do produto, porque nós é que temos os gastos todos", apontou.
Em relação às regras ecoambientais, que incidem sobre os estrumes das vacarias, pesticidas e herbicidas, os produtores argumentam que a legislação a nível europeu não se enquadra no país, e precisam de "ser ajudados de diversas maneiras", desde a logística ao "aliviar de algumas normas".
Estimando que na manifestação estiveram cerca de 286 tratores, Filipe Duarte não espera uma solução imediata para todos os problemas, em virtude de o Governo estar "em gestão", mas que se possa alcançar um acordo viável para todos, alertando que da próxima vez que saírem à rua será "sem avisos" e sem recuos se nada se fizer.
"Se for um golpe baixo da parte da ministra para nos sacar da estrada, vai ter azar", reforçou.
São Bento à Sexta
O líder parlamentar do PS considera que os cortes (...)
Este movimento nasceu espontaneamente do protesto realizado na manhã de sexta-feira pela União de Agricultores e Baldios do Distrito de Aveiro (UABDA) e que juntou mais de uma centena de tratores e máquinas agrícolas numa marcha lenta ao longo da EN 109.
Cerca das 14:00 a UABDA deu por terminado o protesto, mas largas dezenas de tratores continuavam parados, bloqueando os acessos da EN 109 às autoestradas A1 e A29 em Estarreja.
"Agora não temos nada a ver com isso. A nossa responsabilidade terminou às 14:00", disse na altura à Lusa o presidente da UABDA, Carlos Alves.
O dirigente mostrou-se satisfeito com a mobilização do protesto, considerando que foram alcançados os objetivos a que se tinham proposto no início da marcha lenta, que juntou mais de 100 tratores e máquinas agrícolas.