03 fev, 2024 - 05:24 • Lusa
A advogada de Fernando Saul, funcionário do FC Porto e um dos 12 detidos da Operação Pretoriano, descartou na sexta-feira que o seu cliente tenha praticado quaisquer crimes ao longo da última Assembleia Geral extraordinária do clube.
"Não confirmou [os indícios do despacho], porque, na realidade, ele não estava no local e isso é visível nas imagens. Ele estava num local exatamente oposto, pelo que não podia confirmar agressões que aconteceram no lado contrário", reconheceu Cristiana Carvalho, em declarações aos jornalistas à saída do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.
A advogada falava logo após a conclusão do interrogatório de Fernando Saul, oficial de ligação aos adeptos do FC Porto, que tinha começado a ser ouvido pelo juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira por volta das 21h30 de sexta-feira e deixou o local três horas depois, tendo voltado numa carrinha celular da PSP à esquadra da Bela Vista, no Porto.
"Correu bem, porque ele não se recusou a responder a nada. Respondeu de uma forma coerente e tranquila a tudo o que lhe foi perguntado, apesar de estar cansado e de o seu estado emocional não ser o melhor, atendendo a que está privado da liberdade durante estes dias todos", afirmou Cristiana Carvalho, dando conta de um depoimento "emotivo".
Convicta de que "ficou tudo completamente esclarecido" nestas diligências, a causídica exprimiu surpresa pela detenção de Fernando Saul no âmbito da Operação Pretoriano.
"Os factos são imputados a todos os arguidos de maneira muito genérica, mas isso não significa que todos tenham praticado [crimes]. Não posso falar pelos outros, mas o meu constituinte não os praticou. Razões da detenção? Não compreendo, mas aceito. Ele cá esteve para se defender e defendeu-se da melhor maneira", vincou Cristiana Carvalho.
Questionada sobre a possibilidade de Fernando Saul ficar sujeito a prisão preventiva, a advogada disse ser desproporcionada a aplicação da medida de coação mais gravosa.
"A medida justa seria ficar com o termo de identidade e residência. Acredito que poderá eventualmente ser outra, mas que não será uma medida privativa de liberdade", notou.
Fernando Saul foi o quinto suspeito a ser ouvido, depois de António Moreira de Sá, que terminou na sexta-feira o depoimento iniciado na véspera, Tiago Aguiar, outro dos dois funcionários do FC Porto incluídos na Operação Pretoriano, José Pereira e Vítor Aleixo.
As diligências vão continuar a partir das 10h00 deste sábado, com a realização dos últimos três interrogatórios, incluindo os de Fernando Madureira, líder da claque Super Dragões, e de Vítor Catão, adepto do clube 'azul e branco' e antigo presidente do São Pedro da Cova.