Ricardo Salgado entrou como saiu. Pela porta da frente do tribunal, no Campus de Justiça. Acompanhado pela mulher, Maria João Salgado, o ex-banqueiro esteve pouco mais de dez minutos na sala de audiências, tendo apenas respondido ao processo de identificação ao coletivo de juízes.
Ricardo Salgado respondeu a perguntas como o seu nome, o nome dos pais, mas não se lembrava da morada. Sabia onde estava e até reconheceu Manuel Pinho, que estava presente na sala. Mas não passou disso. O advogado, Francisco Proença de Carvalho, interrompeu o procedimento, evocando que o que estava em causa era uma questão de "dignidade humana", tendo em conta a doença do ex-banqueiro, que esta sexta-feira compareceu no julgamento do caso EDP.
À saída, o advogado Francisco Proença de Carvalho justificou a decisão de interromper a audição em tribunal para o julgamento com a doença do seu constituinte, apelando à defesa da "dignidade humana do doutor Ricardo Salgado", lembrando que a doença de Alzheimer "não é brincadeira nenhuma".
Proença de Carvalho critica, ainda, a justiça portuguesa e alerta que se esta "continuar a comportar-se de uma maneira quase indiferente a esta situação", o Estado português "será, de certeza, condenado no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos", disse.
Ainda assim, o advogado do ex-banqueiro não tem dúvidas que, "mais tarde ou mais cedo", "a justiça portuguesa será digna da sua história humanista e democrática".
Ricardo Salgado está a ser julgado no Caso EDP por corrupção ativa, branqueamento de capitais, num processo onde estão incluídos o ex-ministro da Economia, Manuel Pinho, e a sua mulher Alexandra Pinho.